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O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, afirmou na noite deste domingo (20) que estava previsto um encontro entre o papa Francisco e os dissidentes cubanos. Ele, porém, disse não saber por que a reunião não ocorreu.

Assim como seus antecessores, Bento XVI e João Paulo II, Francisco evitou fazer críticas mais incisivas ao regime do ditador Raúl Castro na visita a Cuba. Nesta segunda (21), ele celebrou missa em Holguín, no leste do país.

Segundo Lombardi, a intenção era que os opositores ao regime recebessem uma saudação informal. Ele disse que o encontro havia sido programado com “o desejo de dar atenção [do papa] a todos, incluindo dissidentes”.

A revelação do porta-voz acontece após críticos da ditadura cobrarem ao pontífice que ele visse os dissidentes em sua visita a Cuba. A mesma exigência foi feita a seus antecessores nas visitas em 1998 e 2012 à ilha.

O grupo opositor Comissão de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional de Cuba informou nesta segunda que de 50 a 60 dissidentes foram presos pela polícia desde sexta, véspera da chegada de Francisco.

O diretor da entidade, Elizardo Sánchez, afirmou que mais opositores tiveram suas casas cercadas por agentes do governo. “Calculamos que cerca de cem pessoas sofreram com este tipo de repressão preventiva.”

Ele próprio diz ter passado por isso. “Tenho dez agentes na frente da minha casa. É um exagero. Eles me seguiram até quando eu fui à padaria, mas outros nem puderam sair de casa porque os agentes estavam na porta.”

Sánchez também afirma que houve uma espécie de limpeza social em Havana, Holguín e Santiago de Cuba antes da chegada do papa. O regime teria retirado das ruas mendigos, pedintes e pessoas com deficiência mental.

Holguín

O esquema para evitar que os dissidentes cheguem perto de Francisco foi mais intenso em Holguín. Na passagem do papamóvel, agentes de segurança pareciam não deixar que os fiéis se aproximassem de Francisco.

No domingo, os agentes cubanos prenderam três opositores pertencentes à União Patriótica de Cuba durante a missa em Havana. Outros dissidentes acusam o regime de ter impedido que eles se aproximassem do local da missa.

Na praça da Revolução de Holguín, Francisco pediu aos fiéis cubanos que atendam ao chamado para superar a resistência à mudança dos demais. “Jesus nos convida a superar nosso preconceito e relutância e pensar que os outros podem mudar.”

Assim como em Havana, milhares de pessoas acompanharam a missa, sob forte sol e calor. A maioria dos presentes vestia branco e usava chapéus, dentre eles o ditador Raúl Castro.

Ele ainda elogiou as casas de missão em Cuba por seu trabalho, diante da falta de sacerdotes. “Sei que com esforço e sacrifício trabalham para levar a todos, mesmo nos lugares mais distantes, a palavra e a presença de Cristo.”

As casas de missão foram criadas na década de 1970 como uma iniciativa evangelizadora na ilha comunista. Apesar de nunca terem sido bem vistas pelo regime, nunca houve uma proibição a suas atividades.

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