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Derramamento de petróleo nas praias orientais de Falcón, na Venezuela| Foto: Reprodução/Twitter/@fundacionazul

Belas praias do estado de Falcón, no litoral oeste da Venezuela, foram atingidas pelo vazamento de milhares de barris de petróleo desde 31 de julho, uma situação que vem se tornando recorrente no país. Segundo grupos ambientalistas, estima-se que mais de 3 milhões de litros de hidrocarbonetos (20 mil barris) tenham poluído a região do Parque Nacional Morrocoy, que costuma atrair turistas pelas águas claras do Mar do Caribe.

A origem do petróleo é desconhecida e a PDVSA, estatal petrolífera da Venezuela, não fez nenhum pronunciamento sobre o desastre ambiental, que atingiu pelo menos 15 quilômetros da costa. O Ministério do Ecossocialismo, a pasta ambiental do regime chavista, afirmou que está auxiliando as autoridades locais na limpeza instalação de barreiras para evitar o avanço da mancha de petróleo para outros pontos da costa venezuelana.

O titular da pasta, Josué Lorca, disse que 90% do óleo derramado já foi limpo com a ajuda de 1.200 voluntários. Porém, não há nenhuma informação oficial sobre a extensão do dano ou a quantidade de petróleo que atingiu as praias de Falcón.

Gustavo Carrasquel, diretor-geral da Fundação Azul Ambientalistas, afirmou que esse derramamento afetará gravemente os habitantes do local e o ecossistema. “Tudo isso é um problema sério e uma prova de que um ecocídio está ocorrendo no Parque Nacional Morrocoy. A vegetação do mangue pode morrer por envenenamento direto. Compostos químicos que por sua vez tendem a formar emulsões com água são difíceis de remover”, disse o especialista ao jornal El Diario, no início de agosto, quando a ditadura venezuelana ainda não tinha tomado providências sobre o vazamento.

Grupos ambientalistas sugerem duas hipóteses para explicar o derramamento de petróleo: falha em um navio da PDVSA ou problema na lagoa de resíduos da refinaria El Palito, que fica a cerca de 50 quilômetros da área atingida. Carrasquel disse à Deutsche Welle nesta semana que fortes chuvas podem ter pressionado os tanques da refinaria, causando o vazamento. “Devido às condições climáticas, a força do vento e das marés, o hidrocarboneto estava se movendo em direção ao Golfo Triste, e já no fim de semana passada ele alcançou os manguezais, corais e as ilhotas do Parque Nacional Morrocoy".

Deputados opositores informaram que solicitaram à PDVSA e ao Ministério do Ecossocialismo o cronograma de manutenção das áreas do Complexo Refinaria El Palito, a fim de estabelecer responsabilidades. Eles acusam a ditadura de Nicolás Maduro de não dar atenção ao fato e afirmam que só foi possível saber do problema por causa da atuação de organizações ambientais não governamentais.

No regime chavista, poucos investimentos, fuga de mão-de-obra qualificada e falta de manutenção levaram ao sucateamento da indústria petrolífera do país e, por consequência, tornaram episódios como esse mais comuns.

Em fevereiro de 2012, o rompimento de um duto causou um transbordamento de petróleo em um dos tanques da Usina Jusepin, em Maturín, no estado de Monagas, atingindo o rio Guarapiche. O incidente deixou a população da cidade sem água por mais de dois meses. A situação se repetiu em 2018, na mesma usina. Em nenhuma das situações o governo atuou rapidamente ou prestou informações sobre os impacto ou causa dos derramamentos.

O caso mais emblemático, porém, é o vazamento permanente de petróleo no Lago Maracaibo, onde petróleo e gás natural borbulham até a superfície e as margens são pretas e cheias de lixo. Recentemente em Cabimas, na costa leste do Lago Maracaibo, fortes chuvas causaram alagamentos, carregando água com petróleo para as ruas da cidade, segundo informaram políticos da oposição.

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