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Santa Helena de Uairén, Venezuela – A Venezuela pagará a estudantes pobres do Brasil o curso universitário ao qual a maioria deles não teria acesso no país. Um grupo de 54 brasileiros embarca dia 25 para Cuba, onde estudará Medicina com tudo pago pelo governo de Caracas. Ele esperam que no retorno o governo brasileiro já tenha decidido pela revalidação dos diplomas, assim como outros 3 mil brasileiros que estudam em países latino-americanos. Esta é só a primeira turma de tantas quantas desejarem ir para a Escola Latino-americana de Ciências Médicas de Cuba, diz a coordenadora do programa, professora Ísis Lorz, que atua na cidade de Santa Helena de Uairén, na Venezuela, na fronteira com a localidade brasileira de Pacaraima, no estado de Roraima.

O presidente Hugo Chávez tem cedido aos países vizinhos parte das vagas universitárias oferecidas por Cuba por meio do acordo de cooperação assinado há um ano. A Missão Sucre foi lançada em 2003 para atender aos estudantes de classes populares excluídos do ensino superior. O projeto foi possível após o governo criar a Universidade Bolivariana, instalada em antigos prédios da empresa estatal Petróleos da Venezuela, desocupados depois da demissão de metade dos 39 mil empregados que participaram da greve de 2002 contra Chávez.

Pelo acordo, Cuba disponibiliza à Universidade Bolivariana 15 mil profissionais para a formação de médicos e especialistas em saúde, inclusive para títulos científicos. Com mais oferta do que procura, a Venezuela abriu vagas para candidatos dos países vizinhos. A intenção, explica Ísis, é expandir o programa para toda a América Latina. Além dos 54 brasileiros, na turma que embarcará este mês para Havana há ainda dois peruanos e 14 venezuelanos.

Esses jovens levarão no peito excertos da ideologia chavista traduzida na inscrição "los triunfadores de la integración latinoamericana". Tiveram de passar antes pelo Programa de Iniciação Universitária (PIU), realizado em Santa Helena. Nesse curso preparatório de seis meses – que em nada lembra o vestibular – só entra quem é nascido em algum país latino-americano e tenha concluído o segundo grau em escola pública ou que não possa pagar um curso superior particular.

Em Cuba, o grupo de estudantes ficará junto por seis meses. Depois desse período, serão distribuídos nas universidades e passarão a viver em casas de famílias cubanas, também como forma de incorporar a cultura do país. "Vão ser tratados como filhos", garante a coordenadora da Missão Sucre. O governo venezuelano pagará todas as despesas, incluindo alimentação, uniforme e material didático. Estão previstas duas aulas teóricas e quatro práticas diretamente com a comunidade. Depois de formados, os jovens médicos terão de trabalhar por um ano na Venezuela ou em Cuba. Cumprida essa espécie de residência médica, estarão livres para exercer a profissão onde quiserem.

A iniciativa do governo venezuelano entusiasmou o meio político do estado de Roraima, com o qual faz fronteira. O presidente da Câmara de Vereadores de Boa Vista, José Reinaldo, pagou os custos de emissão do passaporte dos brasileiros que irão a Cuba, enquanto o governo estadual avança nas discussões do projeto de implantação da Missão Sucre em Roraima. Os estudantes viajam na esperança de que os parlamentares mudem a política de revalidação de títulos junto ao Ministério da Educação.

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