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Venezuelanos aguardam a vez de receber a vacina contra a COVID-19 em Caracas (Venezuela), em 30 de junho de 2021.
Venezuelanos aguardam a vez de receber a vacina contra a COVID-19 em Caracas (Venezuela), em 30 de junho de 2021.| Foto: Miguel Gutiérrez/Agência EFE/Gazeta do Povo

Com a economia em frangalhos, o sistema de saúde colapsado e uma grave crise humanitária, era de se esperar que a Venezuela estivesse entre os países habilitados para receber gratuitamente vacinas contra Covid-19 por meio do Covax, o fundo para compra e distribuição de imunizantes do qual fazem parte 133 países. Contudo, o país não consta na lista das nações beneficiadas. Ao mesmo tempo, não recebeu nenhuma dose por meio do mecanismo, mesmo estando inscrita no Covax como "participante autofinanciado". O que explica isso?

O Covax inclui 92 economias de renda baixa e média-baixa na lista dos "participantes subsidiados". A Bolívia, por exemplo, já recebeu centenas de milhares de doses e deve começar a receber nas próximas semanas mais um milhão de vacinas da Johnson & Johnson doadas por meio do Covax.

Mas dentro desta classificação, que tem como base dados do Banco Mundial, a Venezuela é considerada uma nação de renda média-alta – mesmo que quase 80% de sua população esteja vivendo em situação de extrema pobreza. Isso ocorre porque os dados econômicos oficiais do país não são atualizados desde 2014, quando a renda per capita dos venezuelanos era de US$ 13 mil. A renda per capita estimada para o país atualmente é de US$ 1,7 mil, mas a falta de dados oficiais faz com que o país tenha que pagar pelo acesso às vacinas.

Além disso, o regime, apesar do recente alívio das sanções americanas para a compra de vacinas, não conseguiu fazer os pagamentos para ter acesso às 5 milhões de doses da vacina da Johnson & Johnson reservadas para a Venezuela pelo Covax. Nicolás Maduro culpa as sanções americanas pelo bloqueio de quatro transações financeiras que impediram que o pagamento dos US$ 120 milhões fosse concluído.

Vacina cubana na Venezuela

Recentemente a ditadura chavista informou que vacinou 11% de sua população, mas a oposição e organizações de saúde independentes contestaram o dado, afirmando na época que não havia chegado ao país quantidade de doses suficiente para imunizar essa parcela da população.

O país usa apenas as vacinas Sputnik V e Sinopharm em sua campanha de imunização contra a Covid-19. Nos próximos meses, incluirá a vacina cubana Abdala, já que, na quinta-feira passada, o regime assinou um contrato com Cuba para adquirir 12 milhões de doses deste imunizante.

Diante do anúncio, a Federação Médica da Venezuela pediu à população que recuse a vacina cubana, que, segundo a ditadura castrista, tem 92,2% de eficácia.

"Abdala não é uma vacina. É um produto biológico experimental que não foi autorizado pelo Centro de Controle de Medicamentos de Cuba ou pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas)", disse o presidente deste sindicato de médicos, Douglas León Natera, citado em um comunicado de imprensa.

O Centro Nacional de Bioética da Venezuela (Cenabi) também demonstrou preocupação pela falta de transparência quanto aos resultados obtidos nos testes clínicos da Abdala. A Opas instou os fabricantes da Abdala a publicarem os resultados de seus ensaios clínicos.

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