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Escassez de produtos e preços altos levaram a uma onda de saques nos supermercados venezuelanos | /Reuters
Escassez de produtos e preços altos levaram a uma onda de saques nos supermercados venezuelanos| Foto: /Reuters

Por decisão do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) da Venezuela, a taxa oficial de inflação do país continuará sem ser divulgada pelo Banco Central da Venezuela (BCV), como vem acontecendo desde o final do ano passado.

Em resposta a uma demanda apresentada pela ONG Transparência Venezuela (vinculada à Transparência Internacional), que acusou o presidente do BCV, Nelson Merentes, de “não cumprimento da obrigação de publicar as principais estadísticas econômicas” nacionais, o TSJ respaldou a decisão adotada pelo Palácio Miraflores de esconder indicadores essenciais da economia.

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Sem números oficiais, a maioria dos economistas locais afirma que o país já mergulhou numa hiperinflação e nos últimos 12 meses acumulou um aumento de preços internos superior a 120%. Fora da Venezuela, as projeções também são dramáticas. O Bank of America calculou, em julho, que a Venezuela fechará o ano com uma taxa de inflação em torno de 142%. O banco JP Morgan estimou uma escalada de preços de cerca de 120% para 2015.

“O que nós fizemos foi pedir ao BCV que cumprisse a lei, nada mais e nada menos do que isso. Não pedimos dados, pedimos que a lei seja respeitada”, disse a diretora da Transparência Venezuela, Mercedes de Freitas.

Ela explicou que o TSJ negou o pedido feito pela ONG alegando que “não apresentamos as provas necessárias para confirmar que fizemos tudo o que estava ao nosso alcance para que o presidente do BCV nos desse essa informação”.

Mercedes lembrou que a taxa de inflação não o único indicador econômico que o BCV deixou de publicar: “Também suspenderam a divulgação do índice de escassez, de pobreza e de muitos outros. A decisão do TSJ é muito grave, ele está avalizando a violação de vários direitos dos cidadãos, entre eles o direito à informação”.

Mercedes acredita que a estratégia do governo Nicolás Maduro é “esconder dados que possam destruir as informações que a Venezuela apresenta ao mundo”.

“Recentemente, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) deu um prêmio a nosso país, que é o que tem a inflação mais alta do mundo, porque o governo apresenta dados irreais”, frisou a diretora da Transparência Venezuela.

O último dado oficial sobre inflação publicado pelo BCV foi de janeiro e mostrou aumento de 5,6% em relação a dezembro de 2014. Apesar das denúncias públicas de vários economistas locais, que já enviaram cartas ao BCV assinadas por mais de 30 acadêmicos do país, o TSJ negou o pedido da Transparência Venezuela.

Em artigo publicado no site www.runrunes.es, do jornalista Nelson Bocaranda, a economistas Anabella Abadi e Barbara Lira fizeram duras críticas à atuação do TSJ. “Então, a lógica do tribunal é que o BCV não deve publicar o indicar já que, apesar de a Constituição exige que o faça, ninguém fez um pedido?”, perguntaram as economistas, que lembraram as queixas apresentadas por vários de seus colegas.

No ano passado, o BCV informou que a taxa de inflação anual chegou a 68,5%, a mais elevada do mundo. Segundo dados da Universidade Católica, entre junho de 2014 e o mesmo mês deste ano, a inflação acumulada do país atingiu 120%.

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