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Deputado da oposição segura uma placa em que se lê “somos 11”, representando o número de eleitos pela bancada oposicionista. | Juan Barreto/AFP
Deputado da oposição segura uma placa em que se lê “somos 11”, representando o número de eleitos pela bancada oposicionista.| Foto: Juan Barreto/AFP

A oposição da Venezuela tomou posse nesta terça-feira (5) como maioria na Assembleia Nacional. É a primeira vez em 17 anos que os oponentes da revolução socialista iniciada pelo falecido Hugo Chávez assumem o controle do legislativo.

Com esmagadora maioria opositora de 112 deputados da Mesa da Unidade Democrática (MUD) contra 55 oficialistas, a Assembleia Nacional eleita em 6 de dezembro toma posse para um período de cinco anos.

A votação para aprovar a nova liderança seguiu o debate sobre se devia fazer o juramento de 163 ou 167 legisladores, após a decisão da Suprema Corte - que proibiu quatro representantes eleitos de tomarem os seus lugares baseada em acusações de fraude - privar a oposição de uma maioria de dois terços. Os quatro não foram empossados.

Uma crise, dois modelos

A governabilidade e a tranquilidade do país dependerá da maneira como o chavismo vai superar sua derrota, e a oposição administrará sua maioria legislativa e divisões internas, afirmou o economista Luis Vicente León. Segundo ele, disso também dependerá se a crise vai se aprofundar, ou se começará a se resolver em 2016.

O país com as maiores reservas de petróleo do mundo sofre com a queda dos preços da commodity - fonte do 96% de suas divisas - um déficit fiscal de 20% do PIB, 200% de inflação, severa escassez de alimentos e uma contração econômica de 6% em 2015, segundo cálculos de institutos privados.

Esgotados das filas para comprar comida e da insegurança crescente no país, os venezuelanos estão na expectativa, alguns com esperança, e outros, pessimistas, diante da confrontação vista nas últimas semanas.

Para a oposição, hoje começa “a mudança”. Para Maduro, é o início da luta de dois modelos: o “do povo, que quer preservar as conquistas sociais da revolução” e “o neoliberal da burguesia, que quer privatizar tudo”.

No começo do dia, centenas de apoiadores dos oposicionistas acompanharam os novos legisladores, que passaram por uma pesada barricada militar até o centro do legislativo. A poucos quarteirões de distância, uma grande multidão de apoiadores do governo se uniram em frente ao palácio presidencial para lamentar a inauguração do que chamavam de “Parlamento burguês”.

Os novos legisladores prometem usar sua força para fazer mudanças radicais, enquanto o Partido Socialista do presidente Nicolás Maduro foi igualmente categórico para que os opositores não recuem na revolução de Chávez.

O novo presidente do Parlamento, Henry Ramos, disse nesta segunda-feira (4) que Maduro deveria considerar renunciar para salvar a Venezuela de uma crise política, ecoando os pedidos que oposicionistas fizeram em 2014, quando lançaram manifestações de rua que resultaram em dezenas de mortos.

Anistia

Ainda durante a agitada cerimônia de instalação da Assembleia Nacional , a majoritária bancada oposicionista do novo Parlamento venezuelano pôs na agenda uma lei de anistia para presos políticos.

“Em primeiro lugar, uma lei de anistia e reconciliação para que não haja exilados, nem processados, nem presos políticos para que ninguém seja preso por pensar diferente na Venezuela”, disse da tribuna do Parlamento Julio Borges, líder de um partido que integra a coalizão Mesa da Unidade Democrática (MUD), ao apresentar a agenda oposicionista, em meio a gritos de repúdio dos chavistas.

Na galeria pública, estava a esposa do líder da oposição, Leopoldo Lopez, com uma placa com os dizeres “Anistia agora”, em apoio a medida levantada pela bancada oposicionista.

Governo

A bancada governista da Assembleia Nacional Venezuelana deixou o Parlamento durante seu ato de instalação e após prestarem juramento, nesta terça-feira, alegando que a Casa estava “violando” o regulamento interno e de debates - comprovou a AFP.

Diosdado Cabello, presidente em fim de mandato da Câmara e número dois do chavismo, disse que o abandono do recinto se deveu a que o novo presidente do Legislativo, Henry Ramos Allup, “violou o regulamento” interno e de debates.

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