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Pessoas na fila para sacar parte da aposentadoria em um banco de Caracas, em 3 de setembro | FEDERICO PARRA / AFP
Pessoas na fila para sacar parte da aposentadoria em um banco de Caracas, em 3 de setembro| Foto: FEDERICO PARRA / AFP

Em gesto inédito, a Organização das Nações Unidas liberou nos últimos dias US$ 6,5 milhões (R$ 25 milhões) para ajuda humanitária em diversas frentes na Venezuela, que vive uma crise econômica e social sem precedentes.

Outros US$ 2,6 milhões (R$ 10 milhões) já foram aprovados e devem ser disponibilizados em breve. O total chega a US$ 9,2 milhões (R$ 35,5 milhões). 

O envio de recursos para o país latino-americano marca uma inflexão na política do ditador Nicolás Maduro, que vinha até aqui negando auxílio internacional sob o argumento de que não havia anormalidade na situação venezuelana. 

Hiperinflação, emigração em massa (ao menos 1,9 milhão de pessoas desde 2015), desabastecimento de víveres e de medicamentos e utensílios médicos e explosão da violência compõem o quadro de desintegração social na Venezuela de hoje. 

Em setembro, durante discurso na Assembleia-Geral da ONU, Maduro disse que a crise humanitária no país era uma invenção para justificar uma intervenção nos moldes da realizada pelos EUA em 2003 no Iraque. 

Procurado pela agência Reuters, o Ministério de Informação da Venezuela não comentou a liberação de verba pelas Nações Unidas. 

A principal quantia destinada a ações no país caribenho vem da Organização Mundial da Saúde (OMS). A agência liberou, na última terça (20), US$ 3,6 milhões (R$ 13,9 milhões) para atendimento médico urgente voltado a “necessidades da população mais vulnerável”, segundo informações do Fundo Central de Resposta Emergencial (Cerf, na sigla em inglês). 

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Além disso, US$ 1,7 milhão (R$ 6,5 milhões) foram atribuídos na sexta (23) pelo Fundo de População das Nações Unidas a programas ligados à saúde reprodutiva e à proteção de mulheres e adolescentes vítimas de violência que residem em três estados venezuelanos e na região de fronteira –o país é vizinho de Colômbia, que já recebeu 900 mil refugiados, Brasil e Guiana. 

Outra alocação, esta de US$ 762 mil (R$ 2,9 milhões), vem do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) e cobre alimentação, oferecimento de água tratada e saneamento básico a comunidades de refugiados dentro do país. 

Há ainda US$ 400 mil (R$ 1,5 milhão) da Organização Internacional para as Migrações. A dotação, realizada também na última terça (20), mira a assistência a cidadãos deslocados pela crise em comunidades fronteiriças dos estados de Apure, Tachira e Zulia, todos no limite com a Colômbia. 

Por fim, US$ 2,6 milhões foram reservados pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) para o combate à desnutrição de crianças de menos de cinco anos de idade, gestantes e lactantes em oito estados venezuelanos, no biênio 2018-2020. Esse montante está aprovado desde a última quarta (21), mas ainda não foi desembolsado. 

Quase 70% das crianças venezuelanas de até cinco anos estão desnutridas, sendo 15% delas em um quadro agudo, segundo dados de quatro Estados do país obtidos pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos e divulgados em fevereiro. 

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Em relatório de mais de 200 páginas, o grupo destacou que a situação da Venezuela é alarmante. Quase 80% dos cidadãos afirmaram ter perdido peso involuntariamente em 2016, em média 8,7 kg, de acordo com uma pesquisa conduzida por universidades do país. 

Cerca de 5.000 pessoas deixam a Venezuela todo dia, estima o Acnur. 

Além dos mais de 900 mil acolhidos pela Colômbia, o Peru abrigou 400 mil. Equador, Chile e Argentina também estão entre os destinos, assim como os Estados Unidos. 

Ao Brasil chegaram mais de 100 mil venezuelanos nos últimos três anos, e somente Roraima totalizou 75.500 solicitações de regularização desde 2015. 

A sobrecarga de cidades como Boa Vista e Pacaraima, na fronteira entre os dois países, tem levado a confrontos entre a população local e os imigrantes.

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