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Venezuelanos participaram neste sábado (12) de uma consulta popular mobilizada pela oposição à ditadura de Nicolás Maduro em que puderam manifestar sua opinião sobre as eleições parlamentares venezuelanas de domingo passado, consideradas fraudulentas pela oposição e pela maior parte da comunidade internacional, e sobre os rumos políticos do país.
A iniciativa foi proposta pelo líder opositor Juan Guaidó, reconhecido como presidente interino da Venezuela por quase 60 nações, incluindo o Brasil, com o objetivo de mostrar a rejeição da população à ditadura de Maduro. "Hoje o mundo sentirá nossa determinação para conquistar a liberdade", disse Guaidó em redes sociais.
A embaixadora venezuelana Maria Teresa Belandria, representante do governo interino de Guaidó no Brasil, disse que ficou muito feliz com a participação de venezuelanos que moram no país e que puderam votar em 30 cidades brasileiras.
Belandria, que está em Boa Vista, destacou a participação de 400 venezuelanos em Pacaraima, perto da fronteira, e dos venezuelanos que formaram longas filas para votar dentro da Venezuela. "Com todas as ameaças de morte, as pessoas foram às ruas, foram participar, fizeram filas longas", disse ela à Gazeta do Povo. "Eu só posso imaginar o dia em que vamos fazer uma eleição presidencial de verdade, com todas as garantias. Isso vai ser uma festa", comentou.
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Todos os venezuelanos com documentos de identidade ou passaporte válido ou vencido puderam participar da consulta, que teve início pela internet em 7 de dezembro. Neste sábado, os venezuelanos puderam votar pessoalmente nos centros habilitados na Venezuela e em outros países.
Os organizadores tinham a expectativa de que 7 milhões de venezuelanos, metade deles fora do país, dessem o seu voto. Os resultados estão programados para sair no final da noite de sábado.
A consulta incluiu três perguntas:
- Você exige o fim da usurpação da presidência por parte de Nicolás Maduro e convoca a realização de eleições presidenciais e parlamentares livres, justas e verificáveis?
- Você rechaça o evento de 6 de dezembro organizado pelo regime de Nicolás Maduro e solicita que a comunidade internacional não o reconheça?
- Você ordena que as medidas necessárias sejam tomadas perante a comunidade internacional para ativar a cooperação, o apoio e a assistência que nos permitam resgatar nossa democracia, enfrentar a crise humanitária e proteger as pessoas dos crimes contra a humanidade?
As eleições do último domingo, boicotadas pela oposição e que tiveram a participação de apenas 30% dos eleitores, devolveram aos aliados de Maduro o controle da Assembleia Nacional, a última instituição venezuelana que não estava sob o comando da ditadura socialista. A Venezuela sofre com uma grave e prolongada crise econômica e humanitária, que já obrigou milhões de cidadãos a deixar o país. Mais recentemente, o país também passou a enfrentar sanções americanas contra a sua indústria de petróleo.
Maduro criticou a iniciativa. Na quinta-feira, o ditador disse que "nenhuma consulta por internet tem status constitucional [...] ninguém pensaria que uma consulta por internet tem valor legal".
Futuro de Guaidó e da oposição
Belandria acredita que a comunidade internacional olhará para o dia de hoje para avaliar a força e a união da oposição venezuelana. "A eleição de 6 de dezembro não foi reconhecida. Os países que não reconhecem essa eleição não reconhecerão a nova Assembleia Nacional", disse, lembrando que o Grupo de Lima, a União Europeia, Estados Unidos, Japão e todas as grandes democracias não reconhecem "essa fraude de 6 de dezembro".
"Estamos preparados para fazer uma nova eleição. A Assembleia Nacional que está agora fica, e fica o presidente Guaidó como interino até que tenhamos uma eleição real", afirmou a embaixadora.




