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Ruínas maias

Vestígios de um massacre de 1.200 anos

Em tanque sagrado do tempo dos maias, arqueólogos acham 50 esqueletos com sinais de mutilação. Descoberta pode ajudar a decifrar o que levou ao declínio de toda uma civilização

Arqueólogos e especialistas forenses na Guatemala fizeram uma descoberta apavorante entre as ruínas de uma antiga cidade Maia, Cancuén. Em explorações realizadas durante o verão, eles encontraram 50 esqueletos em um tanque para rituais e em outros lugares, vítimas de assassinatos e de mutilações ocorridas na guerra que destruiu a cidade e, ao que parece, serviu como o início do colapso do período clássico da civilização maia. O declínio da civilização maia é uma dos maiores mistérios da arqueologia americana.

À medida que a escala do massacre se tornou aparente, os arqueólogos chamaram investigadores forenses da Guatemala, devido a sua experiência com fossas comuns resultantes das guerras modernas. A equipe, estabelecida em 1996 para escavar as fossas comuns da guerra civil do país, também já analisou cenários semelhantes na Bósnia, Kosovo e Ruanda.

Arthur A. Demarest, um arqueólogo da Universidade de Vanderbilt que comandou as escavações, descreveu a descoberta nesta quarta-feira em um comunicado da Sociedade National Geographic e em uma entrevista por telefone da Cidade de Guatemala.

- Essa é provavelmente a mais importante descoberta que já fiz - disse Dr. Demarest, que explora as ruínas maias desde a década de 80.

Em um horrendo desfecho para a guerra maia, contou ele, os conquistadores - ainda não identificados - não pouparam a cidade para comandá-la como um estado vassalo.

Em cerca de 800 A.D (Anno Domini), eles metodicamente destruíram o palácio e monumentos, prenderam a rainha e o rei de Cancuén e integrantes da corte, homens, mulheres e crianças.

Eles os mataram em massa, na maioria dos casos com lanças e golpes de machado desferidos no pescoço e na cabeça. A maior parte dos corpos mutilados foi jogado no tanque do palácio ou enterrados em covas rasas.

"Depois do acontecimento trágico e violento, uma descoberta improvável para qualquer sítio clássico maia, a cidade de Cancuén foi completamente abandonada, como foram muitas cidades ao longo do Rio Pasión", explicou o Dr. Demarest.

O rio foi a maior rota de comércio através da floresta e fonte da riqueza de Cancuéns no século 8. Dez anos após a queda de Cancuén, outras cidades à beira do rio foram abandonadas, com a exceção de Seibal.

O deslocamento das pessoas, disse Dr. Demarest, teve repercussões nas terras maias, eventualmente contribuindo para o fim do período clássico, que vai de 300 até 900.

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