Buenos Aires - A criminalidade na Argentina aumentou nos últimos três meses e, em abril, atingiu o nível mais alto desde março de 2008, quando o Laboratório de Investigações sobre Crime, Instituições e Políticas (Licip) da Universidade Di Tella começou a apurar o índice. Os especialistas afirmam que o aumento da violência está relacionado com a crise econômica e o consequente desemprego.
O levantamento sobre a criminalidade nos centros urbanos argentinos mostrou que, em 31,8% dos lares pesquisados, algum integrante da família sofreu algum delito em maio. Em abril, esse porcentual foi de 38,7%, enquanto que, em março, atingiu 32,3%. O roubo é o tipo de crime mais comum e que mais aumentou.
O economista Ernesto Schargrodsky, diretor do Licip, diz que, nos momentos de crise econômica, aumentam os conflitos sociais e familiares e os roubos com violência. De acordo com Schargrodsky, a situação é atribuída ao desemprego, à marginalidade e à desigualdade em setores vulneráveis.
"A insegurança na Argentina vem crescendo desde a metade dos anos 1990, quando o desemprego começou a aumentar por causa das crises sucessivas", ressaltou.
O antropólogo Daniel Míguez, investigador do Conselho Nacional de Investigações Científicas e Técnicas (Conicet), reconhece que os momentos de crise, historicamente, mostram uma incidência maior de delitos, mas isso não pode ser atribuído somente ao empobrecimento de um setor vulnerável economicamente.
"É apenas uma minoria, representada numa porcentagem máxima de 5%, que poderia se voltar para a delinquência", disse. Para ele, a ampliação do desemprego, e não da pobreza, é a responsável pela crescente insegurança.
Os especialistas do Licip afirmam que a elevação da insegurança também é influenciada pela proximidade das eleições, ocasião em que "a tendência do delito é de exacerbação junto com a violência entre as pessoas (cabos eleitorais, partidários e candidatos)".



