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Vídeo| Foto: Reprodução RPC TV

Nem mutações genéticas, nem planos secretos da Rússia para desestabilizar o governo americano. O misterioso desaparecimento de mais de um quarto das colônias de abelhas produtoras de mel dos Estados Unidos parece estar próximo de ser desvendado, mas o provável desfecho é bem menos cinematográfico do que as hipóteses sugeridas até agora por dezenas de cientistas e curiosos. Com auxílio de uma nova técnica que acelera o seqüenciamento genético, pesquisadores descobriram um vírus de origem israelense que pode estar por trás do sumiço dos insetos. O resultado da pesquisa será publicado na "Science" e já está disponível no site da revista.

- Nosso estudo sugere que o Vírus Israelense de Paralisia Aguda pode ser uma causa potencial do Colapso da Desordem das Colônias - disse Ian Lipkin, especialista em infectologia e imunologia da Universidade Columbia, fazendo referência ao nome atribuído ao fenômeno nos EUA. - Nosso próximo passo é averiguar se este vírus, sozinho ou em conjunto com outros fatores como micróbios ou toxinas, pode induzir o problema em abelhas saudáveis.

Desconhecido pelos americanos até agora, o vírus (IAPV, na sigla em inglês) foi observado pela primeira vez em 2004, em Israel, onde abelhas infectadas morreram depois de sofrer paralisia. Nos EUA, o fenômeno chamado CCD (na sigla em inglês) já provocou o desaparecimento de pelo menos 50% das colônias comerciais de abelhas, usadas para a produção de mel e, especialmente, para polinização de lavouras. As estimativas mais alarmantes falam em até 90% por de colônias perdidas, em torno das quais milhares de insetos apareceram mortos.

Considerando-se que as abelhas têm papel fundamental na produção mundial de alimentos - já que são responsáveis pela polinização de mais de 90 frutas e vegetais - os números são, em qualquer caso, preocupantes. As novas descobertas podem, no entanto, ser úteis para prevenir o problema, identificando colônias sob risco.

A relação do vírus israelense com o desaparecimento das abelhas foi estabelecida a partir de análises genéticas feitas com amostras de insetos retirados de diferentes regiões do país, tanto de colônias saudáveis, quanto de grupos afetados pelo fenômeno. Também foram avaliados espécimes importados da Austrália e geléia real (alimento produzido pelas abelhas) da China.

Os cientistas fizeram, então, o seqüenciamento genético das amostras e, depois de comparar os resultados às informações armazenadas em um banco de dados, concluíram que a presença de IAPV aparecia basicamente nas colônias onde houve desaparecimento de abelhas. As bactérias identificadas foram as normalmente encontradas nas abelhas, assim como fungos e protozoários, localizados também nas amostras saudáveis.

- O genoma das abelhas produtoras de mel acabou de ser concluído. Assim, foi possível fazer o seqüenciamento e depois eliminar o material genético das abelhas - explicou a pesquisadora Diana Cox-Foster, especialista em insetos da universidade Penn State.

Como o vírus também foi encontrado em amostras de grupos saudáveis, cientistas não descartam a possibilidade de alguns insetos apresentarem maior tendência para o problema. Nas próximas etapas do estudo, eles também vão investigar se o problema é causado por mais de uma infecção ou se há influência de outros fatores, como pesticidas ou carência de alimentação para os animais.

O uso da nova técnica utilizada no estudo foi considerado um sucesso pelos pesquisadores.

- Essa é uma nova e poderosa estratégia para investigar o surgimento de doenças infecciosas e descobrir as causas - disse Lipkin.

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