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Os nacionalistas de Alex Salmond despontam como vencedores das eleições autônomas que serão realizadas na quinta-feira na Escócia, o que poderia abrir as portas para a realização de um plebiscito sobre a autonomia na região.

Mas, segundo os analistas políticos, a vitória do Partido Nacional Escocês (SNP, sigla em inglês) se deverá mais a um "voto de punição" aos trabalhistas de Tony Blair - há exatos dez anos no poder - que a uma ânsia independentista na Escócia.

Segundo uma pesquisa recente, apenas 25% dos eleitores escoceses apóiam uma Escócia independente, enquanto a maioria, 37%, quer que seu Parlamento tenha mais cadeiras.

As pesquisas atribuem ao SNP entre 43 e 50 cadeiras do total de 129 que o Parlamento de Edimburgo possui e afirmam que ele se transformará na primeira força da região, atualmente governada pela coalizão entre trabalhistas e liberal-democratas.

Mas os nacionalistas escoceses não conseguirão as 65 cadeiras necessárias para governar sozinhos e terão que depender de outras forças políticas, prejudicando seus planos de convocação de uma consulta popular até 2010.

Os liberal-democratas despontam como seus parceiros de Governo, mas o líder, Nicol Stephen, já deixou claro que seu partido não defende um plebiscito sobre a independência da região.

Para convencer Stephen, Salmond manifestou a possibilidade de que seja colocada na consulta, como alternativa à independência, a opção de aumentar as cadeiras do Parlamento escocês, com o que concordam os liberal-democratas e a maioria dos escoceses.

Embora o trabalhismo britânico pareça resignado a uma derrota em todas as eleições de quinta-feira, quando também são realizados pleitos autônomos no País de Gales e parciais municipais na Inglaterra, a da Escócia será sem dúvida a mais dolorosa, por vários motivos.

Em primeiro lugar, porque a Escócia tem sido um reduto do trabalhismo há 50 anos e, em segundo, porque tanto Blair quanto o político destinado a sucedê-lo, Gordon Brown, são escoceses.

Além disso, as eleições chegam justamente quando se completam 300 anos do Tratado de União com a Inglaterra, e nos últimos dias de Governo do primeiro-ministro que promoveu a devolução do poder autônomo ao País de Gales e à Escócia, uma das grandes conquistas constitucionais de seu mandato.

Para tentar conter os nacionalistas, tanto Blair quanto Brown se envolveram pessoalmente na campanha escocesa e não duvidaram em apelar, inclusive, ao voto do medo: Brown assegurou que uma vitória do SNP pode pôr em risco tudo o que os trabalhistas conseguiram.

Mas as advertências parecem não surtir efeito, já que os nacionalistas escoceses souberam explorar o mal-estar na região devido aos limitados poderes do Parlamento escocês, que quase não tem atribuições econômicas e que vê, por exemplo, suas políticas de imigração, segurança e emprego serem desenvolvidas em Londres.

O SNP aproveitou ainda o descontentamento popular com um partido que levou o país à Guerra do Iraque e que decidiu renovar o sistema nuclear Trident, um assunto particularmente delicado na Escócia, já que os submarinos que transportam os mísseis nucleares têm sua base na região.

Salmond chegou a acusar o Governo de Blair de tentar fazer da Escócia "um depósito de armas de destruição em massa".

O líder nacionalista, que trabalhou como economista para o Royal Bank of Scotland, acredita que a Escócia pode utilizar suas riquezas naturais, principalmente o petróleo do Mar do Norte, para se transformar em uma nova Noruega.

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