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Presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó
Presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, diz que vai voltar para a Venezuela neste fim de semana| Foto:

O presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, prometeu retornar ao seu país "nos próximos dias", apesar de ele e sua família terem sido alvo de ameaças do regime do ditador Nicolás Maduro.

Guaidó visitou o Brasil nesta quinta-feira (28) enquanto se preparava para uma das decisões mais importantes de sua carreira: como voltar ao seu país sem ser preso e arriscar o colapso de sua campanha para derrubar o regime. Na terça-feira, a oposição disse que ele voltaria à Venezuela dentro de 72 horas. Isso agora parece altamente improvável.

Guaidó, cuja reivindicação sobre a presidência venezuelana foi reconhecida pelo Brasil, Estados Unidos e mais de 50 outras nações, viajou à Colômbia na sexta-feira passada (22), desafiando uma ordem judicial que o proíbe de deixar o país. Os líderes da oposição esperavam que aquele fim de semana representasse um ponto de virada na crise política da Venezuela, com os militares desobedecendo Maduro e permitindo a entrada de toneladas de ajuda humanitária internacional pelas fronteiras. Em vez disso, as forças armadas permaneceram leais ao ditador.

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Guaidó chegou a considerar uma intervenção militar estrangeira nos últimos dias, mas a ideia não foi aceita pelo Brasil, Colômbia ou por outros aliados – embora o governo Trump tenha dito que todas as opções permanecem na mesa.

Maduro, por sua vez, sugeriu que Guaidó será preso se retornar à Venezuela. "Ele terá que enfrentar a justiça e a justiça o proibiu de deixar o país", disse ele em entrevista à ABC News na quarta-feira.

Ecruzilhada

A visita de Guaidó ao Brasil acontece em um momento em que a oposição venezuelana está em uma encruzilhada. Nas semanas após Guaidó se declarar presidente em 23 de janeiro, citando fraudes maciças na reeleição de Maduro, o ex-presidente da Assembleia Nacional pareceu ganhar impulso em sua tentativa de substituir Maduro. Dezenas de países o reconheceram como o líder venezuelano, e o governo Trump anunciou sanções severas sobre as exportações venezuelanas de petróleo, a força econômica do país sul-americano.

Mas a incapacidade da oposição de quebrar o apoio militar de Maduro – demonstrado de forma vívida no dia 23 – deixou-os com dificuldades para encontrar um caminho a seguir.

Se Guaidó voltar para casa e for preso, a campanha da oposição – que levou centenas de milhares de venezuelanos às ruas nas últimas semanas – pode ser interrompida. Mas se ele permanecer no exterior, o esforço também pode falhar.

Antonio Ledezma, líder da oposição exilado que está ajudando a formular a estratégia de Guaidó, disse que sua abordagem seria continuar construindo pontes com líderes militares e organizando manifestações. Maduro também enfrenta um dilema, afirmou.

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"Se Maduro o parar [Guaidó], detê-lo ou não deixá-lo entrar, ele terá que cuidar das consequências domésticas e internacionais", disse ele em entrevista por telefone de Madri. Mas se Maduro permitir que Guaidó volte, "o que ele vai dizer à sua base depois de expressar tantas ameaças? É um perde-perde".

"A possibilidade de um governo no exílio é algo que discutimos, mas é um capítulo que encerramos porque Guaidó deixou claro que um governo no exílio não é o que ele está imaginando", disse ele.

Fronteiras bloqueadas

O regime chavista isolou fechou as fronteiras da Venezuela e rompeu relações com a Colômbia depois do esforço de ajuda internacional do último fim de semana.

Na quinta-feira, a Colômbia divulgou imagens de escavadeiras venezuelanas derramando terra em contêineres que as autoridades venezuelanas usaram para bloquear uma ponte fronteiriça. Barricadas adicionais apareceram em outras pontes, incluindo uma onde dois caminhões queimados permaneciam. Eles foram destruídos enquanto tentavam levar ajuda através da fronteira durante os protestos do dia 23.

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A fronteira bloqueada, entretanto, não impediu o êxodo de venezuelanos de um país que sofre um grave colapso econômico.

"Todo mundo simplesmente passa pelas trochas", disse Luisiris Moren, venezuelana de 22 anos, referindo-se às centenas de caminhos ilícitos entre a fronteira entre Colômbia e Venezuela. enquanto caminhava pelo território colombiano com seu marido, dois filhos pequenos e várias malas

Depois que ela, seu marido e dois filhos pequenos saíram da cidade venezuelana de Valência chegaram de ônibus na noite de quarta-feira em San Antonio, na fronteira. Eles seguiram um grupo de pessoas por um caminho de terra e cruzaram um rio raso até chegarem ao território colombiano.

O enorme fluxo de pessoas que diariamente atravessava as pontes, agora bloqueadas, foi desviado para uma infinidade de caminhos ilegais, desafiando os esforços da Colômbia para documentar os milhares de venezuelanos que migram para lá a cada dia.

Christian Kruger, diretor da autoridade de migração da Colômbia, disse em uma entrevista que, nos dias que antecederam o fechamento da fronteira, as autoridades colombianas registraram cerca de 40.000 pessoas entrando na Colômbia todos os dias e 35.000 cruzando de volta, sugerindo que 5.000 pessoas permanecem na Colômbia. Com as fronteiras oficiais fechadas, não haverá uma boa maneira de contabilizar a migração.

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