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Eleições regionais

Votação na Catalunha começa marcada por indefinição

São 5,5 milhões de eleitores na região, dos quais se espera uma participação recorde.

Votação para as Eleições regionais da Catalunha começou às 6h de Brasília. | JOSEP LAGOAFP
Votação para as Eleições regionais da Catalunha começou às 6h de Brasília. (Foto: JOSEP LAGOAFP)

Com as urnas abertas desde às 9h (às 6h em Brasília), catalães votam nesta quinta-feira (21) para formar o próximo Parlamento da região, situada no nordeste da Espanha. As filas são longas em Barcelona, em meio à tensão e a imprevisibilidade dos resultados. 

O pleito foi convocado pelo primeiro-ministro conservador espanhol, Mariano Rajoy, como uma maneira de estabilizar o território depois do plebiscito separatista de 1° de outubro, que teve a participação de 43% do eleitorado e 90% dos votos no "sim". 

O resultado no fim do dia, no entanto, não deve resolver de imediato a crise política. As pesquisas de opinião coincidem em que nenhuma força política terá a maioria necessária para governar sozinha. A formação do governo dependerá, pois, de complicadas alianças. 

Agravando o cenário, o próximo Parlamento catalão provavelmente irá contar com cinco deputados foragidos, incluindo o ex-presidente Carles Puigdemont, e com três presos. Não está claro, por exemplo, como eles assumirão os assentos ou se poderão de fato legislar. 

Preocupados com a persistência dessa instabilidade, os bancos aconselham que investidores esperem a formação de um governo de fato. Desde o início de outubro, segundo o jornal local "El País", mais de 3.000 empresas abandonaram o território catalão. 

São 5,5 milhões de eleitores na região, dos quais se espera uma participação recorde. Os cidadãos no exterior, que já votaram, compareceram 81% mais do que há dois anos. 

Blocos 

As fragmentadas forças políticas catalãs estão divididas em dois blocos. Os que querem a independência são chamados "separatistas", enquanto os alinhados a Madri se dizem "constitucionalistas" -a Constituição espanhola não prevê a secessão de seus territórios. 

Nenhum bloco deve ter sozinho os 68 assentos que são necessários para governar em um Parlamento de 135 deputados. O que definirá então a próxima legislatura serão as alianças. 

Os líderes das pesquisas são a separatista Esquerda Republicana e os constitucionalista Cidadãos, de centro-direita. O líder da Esquerda Republicana, Oriol Junqueras, está detido. 

Uma sondagem realizada pelo instituto Sigma Dos e publicada na última sexta-feira (15) prevê 34 assentos para a Esquerda Republicana e até 33 para os Cidadãos. A aliança separatista Juntos pela Catalunha, do ex-presidente Puigdemont, teria até 26 cadeiras. 

Um dos partidos que poderão determinar o próximo governo é o Catalunha em Comum, da prefeita de Barcelona. O Sigma Dos lhe prevê até dez assentos. Apesar de ter mais afinidade com os partidos separatistas, essa força política é contrária à secessão unilateral catalã. 

Contexto

A crise separatista marca as relações entre o governo central e a administração regional desde 2006, quando catalães aprovaram seu estatuto de autonomia. O texto, conhecido como "estatut" em catalão, definia a região como "nação", o que levou a atritos com Madri. 

A Catalunha já possui uma autonomia relativa, com seu próprio Parlamento e uma polícia regional, os Mossos d'Esquadra. 

A questão se tornou urgente quando catalães votaram no plebiscito de 1° de outubro, considerado ilegal pela Justiça espanhola. Houve embates entre eleitores e as forças de segurança espanholas. O governo regional fala em quase 900 feridos, o que Madri contesta. 

O Parlamento catalão declarou sua independência de maneira unilateral em 27 de outubro. Em resposta, o governo de Mariano Rajoy destituiu o governo local, convocou as eleições desta quinta-feira e acusou a liderança catalã de graves crimes como sublevação e rebelião. 

Direto de Bruxelas, onde está foragido, o ex-presidente catalão convocou eleitores a participar do pleito, dizendo que "hoje demonstraremos de novo a força de um povo irredutível". "Que o espírito do 1° de outubro nos guie sempre", afirmou o líder separatista.

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