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Zimbábue

Zimbábue paga por enterros enquanto cólera avança

Crianças brincam perto de esgoto aberto no subúrbio de Harare. A capital do Zimbábue oferece sepultamentos gratuitos para as vítimas de um surto de cólera | PHILIMON BULAWAYO/REUTERS
Crianças brincam perto de esgoto aberto no subúrbio de Harare. A capital do Zimbábue oferece sepultamentos gratuitos para as vítimas de um surto de cólera (Foto: PHILIMON BULAWAYO/REUTERS)

A capital do Zimbábue, Harare, está oferecendo sepultamentos gratuitos para as vítimas de um surto de cólera que está dizimando o país localizado no sul do continente africano, que uma agência das Nações Unidas diz que é a única medida contra uma crise de saúde.

Aproximadamente 400 pessoas já morreram em decorrência da doença, cuja prevenção e tratamento são realizáveis em condições normais, que já infectou mais de 9.400 no país e se espalha para alguns de seus vizinhos.

O Conselho Municipal de Harare decidiu não cobrar taxas pelo sepultamento das vítimas da doença transmissível pela água já que os cidadãos já estão pressionados pela crise econômica que assola o país, que provoca a falta de comida e empréstimos bancários, divulgou o jornal estatal Herald neste sábado.

"O Conselho resolveu oferecer túmulos grátis para aqueles que morreram de cólera, já que a maior parte das pessoas estão enfrentando dificuldades para conseguir dinheiro para os sepultamentos", teria dito um dos componentes do conselho da cidade.

Um túmulo em Harare custa em média US$ 30, que é o salário mensal de um professor no país, segundo as atuais taxas de câmbio.

A Organização Mundial da Saúde disse na última sexta-feira que a ausência de água potável e sanitários adequados são as principais causas da epidemia de cólera no Zimbábue, uma doença que provoca diarréias e é especialmente fatal em crianças.

A porta-voz da OMS Fadela Chalib disse que há poucos lugares em que as pessoas infectadas por cólera no Zimbábue podem recorrer a cuidados médicos, e que as clínicas que funcionam têm um número insuficiente de trabalhadores da área da saúde para conter a epidemia.

Grupos humanitários internacionais estão construindo latrinas, distribuindo kits médicos e de higiene, entregando caminhões-pipa com água e reparando instalações de esgoto por todo o Zimbábue para combater a epidemia de cólera, que já está se espalhando pela África do Sul e por Botswana.

O governo do presidente Mugabe disse que o sistema de saúde e a economia estão entrando em colapso por conta das sanções impostas pelos países ocidentais, que tentam tirá-lo do seu posto por ter confiscado as terras de fazendeiros brancos para redistribuí-las para os negros.

Seus críticos dizem que Mugabe, com 84 anos e no poder desde que o país conseguiu independência da Grã-Bretanha em 1980, arruinou aquela que era uma das economias mais promissoras da África com políticas irresponsáveis e muitos casos de péssima gestão.

A economia está a um passo do derretimento, com o desemprego atingido a casa dos 90 por cento, a inflação oficialmente em 230 milhões por cento, e com as pessoas batalhando diariamente por comida e dinheiro.

No sábado, o Herald noticiou que seis soldados foram presos na última semana por assaltar funcionários de um banco depois de não conseguirem sacar dinheiro em uma agência.

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