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Agora que a Copa do Mundo acabou, o que os curitibanos fizeram de bom e de não tão bom durante o evento? Primeiro, a má noticia. Algo que os curitibanos poderiam ter feito era sair à rua e fazer compras durante os jogos. E o que os comerciantes de Curitiba poderiam ter feito era manter os estabelecimentos abertos por mais tempo, mas é costume no Brasil que as empresas fechem durante jogos de futebol. A cidade parece uma praça de guerra, com ninguém nas ruas, o que lança uma sombra séria sobre a cidade e machuca o comércio. De acordo com a RPCTV, o comércio caiu 14% em Curitiba durante o mês de junho, com previsão para subir em julho – quando não havia mais jogos na cidade.

Conversei com o proprietário de uma loja de reparos de equipamentos eletrônicos no Centro de Curitiba. "Este é o primeiro mês em que eu tive de atrasar o pagamento dos meus funcionários", contou. Isso ocorreu devido à diminuição acentuada no tráfego de pedestres durante a Copa. Um levantamento informal que fiz em outras empresas situadas no Centro de Curitiba mostrou que a Copa não fez nada para melhorar os negócios. Quanto a mim, eu vou lembrar desta Copa como um momento de ruas vazias e muitos fogos de artifício, com gente dentro da casa, vendo os jogos pela tevê. Um pouco barulhento, para dizer o mínimo, mas sem muito movimento das pessoas na rua.

Para o bem e para o mal, algumas das histórias de horror de que tinha ouvido falar não se tornaram realidade. Não houve as manifestações massivas que tanto nos levaram a acreditar que iriam acontecer. A infraestrutura foi suficiente. Lemos sobre todos esses cenários de destruição.

"A Baixada isso", disse uma manchete. "A Baixada aquilo", gritou outro. Bem, a Baixada funcionou. O jornalista francês Simon Benoit-Guyod esteve no jogo entre Espanha e Austrália. "O estádio é bonito", contou, falando sobre a Baixada, "e a maioria das pessoas com quem eu conversei ficaram impressionadas com a infraestrutura da cidade. A organização foi complicada e eu acho que o Brasil sofreu para organizar tal megaevento". Mas parabéns a eles, ele parece estar dizendo.

O Comitê Popular da Copa Curitiba, em seu site e no Facebook, mostrou os problemas da Copa recorrendo a uma bola, representando a commisão organizadora da Copa ou a Fifa, rolando pela rua e deixando um monte de gente pelo caminho. Mas, verificando o tráfego do site, pouquíssimos que se interessaram por ele. Isso é bom ou não? É bom ignorar a reclamação das pessoas comuns enquanto o Brasil mostra ao mundo o seu potencial? Ou é melhor se concentrar na falta de educação, de medicamentos e de uma infraestrutura que frequentemente não funciona? Você decide. E algumas pessoas decidiram ajudar, como o canadense/brasileiro/iraniano Nima Kaz e sua namorada brasileira Paloma Pinheiro. Eles organizaram um evento que distribuiu comida e música, camisas e bolas de futebol para as crianças que vivem na favela da Vila das Torres.

Uma coisa é certa: a Copa chegou e passou, colocando milhões de curitibanos sob sua sombra. Valeu a pena? E você que sabe.

Richard Ruffin, escritor e tradutor, é norte-americano e veio ao Brasil para ajudar as pessoas a se prepararem para a Copa do Mundo.

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