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O Incêndio de Roma, pintura a óleo de Robert, Hubert (1733-1808)
O Incêndio de Roma, pintura a óleo de Robert, Hubert (1733-1808)| Foto: Wikimedia Commons

Basta sair à rua para uma caminhada até a padaria próxima e nós já nos deparamos com realidades que seriam impensáveis até o início do século XXI, especialmente nos anos 50 ou 60 do século XX.

Se ousarmos assistir a um canal aberto de televisão, então, daí que nos deparamos com uma cultura tão distorcida que faria inveja aos festejos dos césares mais ousados. Quem seria Calígula ou Nero no mundo de hoje? Sem dúvida seriam influencers com milhões de seguidores em suas redes sociais.

A verdade é que o tempo foi passando e nem fomos nos dando conta de que aquilo que achávamos loucura quando aprendíamos história, hoje faz parte do mainstream, faz parte do arcabouço cultural do qual nossos filhos estão se alimentando.

Por isso, eu sempre me pego a viajar no tempo e pensar na situação daquela nova “seita” da Galileia que começava a multiplicar seus adeptos em todo o Império Romano no primeiro século, conquistando nobres e militares, até mesmo os de alta patente e que, pela força de um evento, a Ressurreição, acabou por tomar conta da cultura, pouco a pouco, até que, alguns séculos depois das sangrentas perseguições aos cristãos, tivemos um período que foi conhecido como “Cristandade”.

Quem seria Calígula ou Nero no mundo de hoje? Sem dúvida seriam influencers com milhões de seguidores em suas redes sociais

Como aqueles cristãos dos primeiros 4 séculos depois de Cristo sobreviveram à uma cultura daquele tipo, à perseguição, às facilidades e prazeres de uma vida em pecado em contraposição às abstinências e penitências que o seguimento de Cristo exigia? Foram eles que derrubaram o grande Império Romano?

Penso que não. O grande império romano ruiu de dentro pra fora. Os princípios morais, o direito natural, a ética, que permitiram àquele povo dominar o entorno do Mediterrâneo, foram sendo cada vez mais deixados de lado, vencidos pela tendência dos homens ao hedonismo, à vida fácil, ao erro.

Podemos dizer que o Império ruiu de podre que estava. E onde estavam os cristãos, os cidadãos de bem (mesmo os pagãos), os judeus e todos aqueles que mantinham uma vida sóbria e guiada por aquele Bem que existe no coração de cada um?

Eles estavam vivendo suas vidas, normalmente, de acordo com suas responsabilidades, com suas ocupações e, livrando-se das perseguições do jeito que era possível. O pai continuava exercendo sua função de pai, o soldado continuava sendo soldado, o nobre político, ainda era o mesmo. Estavam, por assim dizer, fazendo uma revolução silenciosa, subversiva e, quando o Império implodiu, eles estavam lá, prontos para restabelecer as bases da sociedade.

Portanto, olhando para o mundo hoje, comparando-o com aquele período do fim do Império Romano, podemos até pensar que essa maneira em que o mundo está desenfreadamente caminhando tem seus dias contados. E, quem estará ali para resgatar o que há de bom no mundo por baixo das cinzas? Existirá alguém capaz de reconstruir a sociedade?

José Caetano é jornalista, foi diretor da Agência de Notícias Zenit, trabalhou na Secretaria Extraordinária do Sínodo dos Bispos com o Papa Bento XVI e atualmente colabora no Instituto Católico de Liderança.

Conteúdo editado por:Jônatas Dias Lima
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