• Carregando...

Estudar a família hoje como ela é identificada pela sociedade, como ela é estruturada pelos especialistas em Direito, como ela é considerada pelos legisladores e governantes, como ela é pesquisada pelos institutos dedicados a recolher a opinião do povo, e outros tantos aspectos que acompanham a história dessa realidade de ser família passou a ser uma "matéria" de suma importância para a vida de muitas pessoas e para o progresso social e cultural da humanidade.

Conscientes dessa importância e das repercussões desse estudo do ser família, cardeais, bispos e alguns casais, vindos dos cinco continentes, reunir-se-ão em Roma, durante duas semanas – de hoje até 19 de outubro –, com o papa Francisco, que já manifestou seu apreço e sua preocupação pela família inúmeras vezes. A III Assembleia Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos estudará "os desafios pastorais da família no contexto da evangelização". Com esse estudo sério, extenso e profundo, a Igreja Católica deseja compartilhar sua experiência milenar com as famílias, que nela encontram luzes e esperança.

Hoje, como no passado, a palavra da Igreja quer ser uma luz de verdade e de justiça, e quer considerar todas as situações de pobreza, de violência, de perseguição étnica e religiosa, de guerras fratricidas, de migrações dolorosas, e tantas outras que impedem a família de ser o que deve ser.

À luz das palavras do papa Francisco e dos bispos, nesses dias romanos vão se acender, dentro e fora dos espaços eclesiais, muitas consciências, começando pelas dos próprios membros das famílias. Pais, avós, jovens e crianças ouvirão da Igreja palavras que lhes despertarão as consciências, a fim de que cada uma dessas pessoas assuma, com liberdade e responsabilidade, seus direitos fundamentais e seus deveres inadiáveis.

Desafiada pelo mundo global, pelas culturas e pelas ideologias reinantes, as famílias necessitam ser como aqueles antigos faróis de ilhas e de praias, que serviam como referência segura para os navios em viagens por mares nem sempre calmos e favoráveis à chegada a um porto seguro.

O Sínodo dos Bispos, nesta sua Assembleia Geral, pretenderá, num clima de diálogo com todas as realidades familiares hoje presentes na sociedade, encontrar rotas seguras para que a atual geração e as futuras famílias tenham segurança para ser o que ela quer e necessita ser: o maior patrimônio que a humanidade possui!

Ainda que a família seja o espaço insubstituível de uma experiência doméstica da vida social e da vida religiosa, tão preciosa para o crescimento da pessoa na sua individualidade e sociabilidade, é necessário, entretanto, reconhecer que esse espaço foi invadido e está sendo ameaçado pelo individualismo indiferente, pela precocidade moral e tecnológica, pela falsidade ideológica e pela infidelidade nas relações.

O estudo da família hoje deve partir, se há um projeto de construção sólido da futura humanidade, de um sério estudo do homem e da mulher como artífices do amor verdadeiro. Sem esse amor autêntico, o ser humano é incompreensível, a sua vida é destituída de sentido, e ele não participará, de modo positivo e proativo, da construção de um mundo novo.

Esta luz da realidade do amor e essa esperança sobre a família são como os dois feixes condutores que irão orientar todos os católicos e pessoas de boa vontade, para que suas famílias cheguem ao porto seguro da paz, da justiça e da felicidade.

Dom Antonio Augusto Dias Duarte, bispo auxiliar do Rio de Janeiro, é membro da Comissão Episcopal de Vida e Família da CNBB.

Dê sua opinião

Você concorda com o autor do artigo? Deixe seu comentário e participe do debate.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]