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A filantropia como força transformadora

(Foto: Larm Rmah/Unsplash)

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A filantropia tem o poder de transformar vidas e realidades, sendo uma força essencial para o desenvolvimento social. No entanto, o seu impacto varia amplamente ao redor do mundo, refletindo diferenças culturais, econômicas e institucionais. Embora nos Estados Unidos a filantropia já seja uma prática profundamente enraizada, no Brasil ela ainda enfrenta desafios significativos para alcançar todo o seu potencial.

Nos EUA, a filantropia movimenta cerca de 2% do PIB, resultado de uma cultura consolidada de doações e de incentivos fiscais experimentais. Dados recentes apontam que os americanos doaram aproximadamente 485 bilhões de dólares em 2023, uma soma que reflete um alto nível de engajamento por parte de indivíduos, empresas e fundações. Nesse contexto, doar não é apenas um ato de generosidade, mas um componente essencial do compromisso cívico.

Ampliar o entendimento de que filantropia é um investimento no bem-estar coletivo, e não apenas um ato de caridade, é essencial para fortalecer a cultura de doação no Brasil

No Brasil, o cenário é bem diferente. De acordo com a Pesquisa Doação Brasil, as doações representam apenas 0,2% do PIB. Essa discrepância, muito além de números, reflete desafios culturais e estruturais. A falta de incentivos fiscais claros, a desconfiança nas instituições e o desconhecimento sobre o impacto transformador das ações reservadas para a baixa adesão.

Apesar das dificuldades, há sinais encorajadores. Especialistas estimam que o Brasil poderá atingir 0,5% do PIB em doações até 2025, o que triplicaria o impacto atual. Esse avanço dependerá de uma combinação de fatores. Primeiro, é necessário um esforço governamental para criar políticas públicas que incentivem a doação. A simplificação de processos burocráticos e a oferta de deduções fiscais são medidas que poderiam envolver o setor.

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Além disso, o engajamento do setor privado será fundamental. As empresas são protagonistas ao destinar recursos financeiros e expertise para projetos que podem promover mudanças sociais importantes. Por fim, a sociedade civil precisa ser sensibilizada para a importância das ações. Ampliar o entendimento de que filantropia é um investimento no bem-estar coletivo, e não apenas um ato de caridade, é essencial para fortalecer a cultura de doação no Brasil.

Isso envolve demonstrar, com clareza, como iniciativas filantrópicas geram impactos reais e duradouros, além de incentivar uma maior transparência e eficiência na gestão dos recursos. Quando indivíduos e empresas percebem os resultados concretos de suas contribuições, criam-se um ciclo virtuoso de confiança, engajamento e transformação social.

Daniel Grynberg é diretor executivo do Grupo +Unidos, bacharel em Administração de Empresas e mestrado em Gestão Pública pelo Insper.

Conteúdo editado por: Jocelaine Santos

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