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 | Christian Rizzi/Arquivo Gazeta do Povo
| Foto: Christian Rizzi/Arquivo Gazeta do Povo

Muitos apontam os Jogos Olímpicos e Paralímpicos como o ápice de um ciclo de megaeventos sediados pelo Brasil. Eu acredito que eles foram, na verdade, o ponto de partida para consolidar o turismo como uma importante alavanca do desenvolvimento econômico do país. Uma plataforma eficiente de geração de empregos, inclusão social e distribuição de renda.

Todo o esforço dedicado à organização da Rio+20, Jornada Mundial da Juventude, Copa do Mundo e Jogos Olímpicos só fará sentido se conseguirmos transformar o legado de imagem em ganhos reais para a população por meio do setor de viagens. De nada adianta 88% dos turistas estrangeiros terem afirmado que pretendem voltar ao Brasil se não criarmos condições para eles de fato retornarem.

Assumo o Ministério do Turismo com o desafio de manter aberto o diálogo com os governos locais e federal, Congresso Nacional e empresários do setor. Só com o envolvimento de todos conseguiremos criar um terreno favorável para transformar todo o nosso potencial turístico em desenvolvimento econômico.

Buscamos atrair investimentos, mas o nosso mercado é pouco amigável ao setor produtivo

Somos considerados o país número um do mundo em atrativos naturais pelo Fórum Econômico Mundial (FEM), mas os nossos parques nacionais recebem menos de um terço de visitantes que os quatro principais parques dos Estados Unidos, terceiros colocados neste mesmo quesito. Temos mais de 7,4 mil quilômetros de costa marítima, mas o número de cruzeiros no nosso litoral vem caindo ano após ano. A quantidade de navios despencou de 20 para cinco nos últimos anos.

Buscamos atrair investimentos, mas o nosso mercado é pouco amigável ao setor produtivo. De acordo com o relatório de competitividade do turismo do FEM, entre os 141 países analisados, o Brasil está na 126.ª posição no quesito ambiente de negócios.

Impusemo-nos o desafio de sediar os maiores eventos do planeta, mas destinamos apenas US$ 18 milhões para a promoção internacional do país. A título de comparação, México, Colômbia, Equador e Argentina investem US$ 490 milhões, US$ 100 milhões. US$ 90 milhões e US$ 60 milhões respectivamente.

Vou me dedicar com afinco a encontrar soluções inovadoras para alavancar o setor de viagens no Brasil. O mercado interno a ser incluído no turismo nos dá um pouco da dimensão do nosso potencial. Atualmente, pouco mais de 60 milhões de brasileiros viajam pelo país. Estudos apontam que é possível incluir outros 70 milhões de pessoas nesse universo de consumidores. E é isso que vem acontecendo.

A cada mês, a intenção de viagem nacional cresce. No último mês, a vontade do brasileiro de conhecer o país atingiu o maior porcentual do ano: 24,3%. O dado representa um crescimento de 8% em relação ao mês de setembro do ano anterior. Para 80,3% dos futuros viajantes, a ideia é desbravar os destinos nacionais e desfrutar de belos cenários naturais, rica gastronomia e manifestações culturais. O mesmo estudo revelou que 25,3% daqueles que vão viajar escolherão o Sul do país para suas próximas férias. A região ultrapassou o Sudeste na intenção de viagem, perdendo apenas para o Nordeste.

São brasileiros que querem conhecer mais de perto a nossa cultura e os nossos atrativos. Não podemos perder essa oportunidade. Essa é a hora e a vez do turismo.

Marx Beltrão é ministro do Turismo.
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