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Edinho Silva
Edinho Silva, atual prefeito de Araraquara e homem forte do PT.| Foto: Wilson Dias/Agência Brasil / arquivo

As eleições municipais estão se aproximando, e a expectativa a respeito da distribuição do poder nas cidades começa a tomar conta das análises de partidos e estudiosos da política. A disputa pela prefeitura das capitais, principalmente São Paulo, ganha destaque na mídia. Entretanto, uma eleição no interior de São Paulo merece atenção e é fundamental no caminho para as eleições gerais em 2026. Trata-se da disputa pela Prefeitura de Araraquara.

Nos últimos oito anos, Araraquara foi governada por Edinho Silva. Homem forte no PT, Edinho goza da confiança do presidente Lula e já foi tesoureiro da campanha presidencial em 2014, além de ter ocupado o posto de ministro-chefe da Secretaria de Comunicação, no segundo mandato de Dilma Rousseff. Ele foi alvo de inquéritos na Operação Lava Jato, mas conseguiu se eleger prefeito em 2016, sendo reeleito em 2020.

Durante sua gestão, Araraquara foi manchete nacional, principalmente por medidas tomadas durante a pandemia da Covid-19. O prefeito decretou lockdown na cidade, simbolizado por um vídeo em que a Guarda Municipal prendeu uma cidadã que fazia caminhada numa praça. Outro ponto nebuloso da pandemia foi a doação de respiradores, obtida junto ao Consórcio Nordeste, alvo de investigação e que está com inquérito aberto no Supremo Tribunal Federal, envolvendo outros nomes de peso do PT, como o ex-governador da Bahia e atual chefe da Casa Civil no governo Lula, Rui Costa.

Segundo reportagens de veículos de imprensa nacionais, Edinho é o mais cotado para presidir o PT a partir de 2025, substituindo Gleisi Hoffmann. Desta forma, em 2026, ele teria a função de coordenador-geral da campanha de Lula à reeleição, numa disputa que tende a ser tão ou mais acirrada quanto a de 2022, quando Edinho foi coordenador da área de comunicação da campanha lulista.

Uma derrota de Edinho, dentro de casa, significaria um enfraquecimento político de seu nome; enquanto a vitória da aliança entre PL e Republicanos representaria o avanço da direita em uma cidade considerada reduto do PT

Daí que a disputa municipal deste ano em Araraquara ganha importância nacional. Edinho já lançou a pré-candidatura de sua Secretária de Saúde, Eliana Honain, para sucedê-lo na Prefeitura. Por outro lado, o PL (do ex-presidente Jair Bolsonaro) e o Republicanos (do governador Tarcísio de Freitas) já anunciaram uma aliança, para lançar chapa de prefeito e vice na cidade. Como Araraquara não tem mais de 200 mil eleitores, a eleição é decidida no primeiro turno. Em eleições anteriores, a divisão de votos entre candidatos de direita foi fundamental para garantir as vitórias de Edinho.

Uma derrota de Edinho, dentro de casa, significaria um enfraquecimento político de seu nome; enquanto a vitória da aliança entre PL e Republicanos representaria o avanço da direita em uma cidade considerada reduto do PT. Além disso, a Câmara Municipal também irá analisar, em breve, três relatórios de contas anuais de Edinho, que foram rejeitadas pelo Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCESP). A confirmação da rejeição pelo Legislativo local pode trazer complicações jurídicas e políticas para o prefeito petista.

Portanto, a eventual mudança de eixo do poder em Araraquara, com a eleição de um prefeito de direita (da aliança PL-Republicanos) e de uma maioria de vereadores também da direita na cidade pode se tornar um “calcanhar de Aquiles” para um político que deve se tornar, oficialmente, um dos mais importantes e poderosos na estrutura de poder petista. Ou seja, olho vivo nesta eleição.

Victor Oliveira é mestre em Instituições, Organizações e Trabalho e também especialista em Marketing Político e Comunicação Eleitoral.

Conteúdo editado por:Bruna Frascolla Bloise
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