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Recentemente, o mundo testemunhou o assassinato de Charlie Kirk, com o vídeo macabro do incidente circulando online em tempo real. A atenção nacional rapidamente se voltou para o assassino e, nesse processo, uma imagem impactante veio à tona.
A imagem mostrava um jovem Tyler Robinson sentado em frente a um laptop. Vestido com um pijama dos Vingadores e rodeado pelo que pareciam ser doces de Natal, os lábios de Robinson estavam curvados em um sorriso suave enquanto ele digitava no teclado.
"Quase me esqueci do Tyler", escreveu a mãe de Tyler na legenda da foto. "Ele pode nos evitar completamente agora que conseguiu todos os acessórios de computador que queria." Hoje, aquele menino é um homem de 22 anos que está preso aguardando julgamento, acusado de assassinar Charlie Kirk diante do mundo inteiro.
Como mãe, esta foto partiu meu coração. Ela serve como um lembrete arrepiante de quão perigoso, radicalizante e solitário o mundo da internet pode ser.
A foto do jovem Tyler é indicativa da ascensão meteórica da internet, que tem sido prejudicial para a socialização, o pensamento crítico e a segurança das crianças. Muitas crianças estão substituindo experiências e relacionamentos presenciais por plataformas online e uma "comunidade" artificial.
Geração à deriva
Relatórios indicam que os jovens americanos estão passando mais tempo socializando no Instagram, TikTok e Discord do que pessoalmente, e que 31% dos adolescentes consideram as conversas com "companheiros" de IA mais satisfatórias do que as conversas com amigos reais. Essa substituição humana afeta quase metade dos adolescentes americanos, que estão online "quase constantemente".
Essas tendências garantiram que a maioria dos adolescentes americanos esteja, como bem observa a socióloga Sherry Turkle, “para sempre em outro lugar” — vivendo online em vez de no presente durante seus anos mais formativos e vulneráveis.
Em vez de aprenderem a pensar ou interagir em situações do mundo real, as crianças se deparam com estranhos e ideologias potencialmente perigosas online, sem qualquer proteção significativa.
De fato, 72% dos sites de jogos populares permitem cadastros anônimos e autodeclaração de idade, o que significa que predadores e outros criminosos podem enviar mensagens de texto, fazer chamadas de vídeo e de áudio para menores nesses sites sem serem facilmente rastreados. As consequências disso são inimagináveis.
Basta observar a plataforma online Discord, usada por um terço dos adolescentes do sexo masculino nos EUA.
Em 2023, o Discord foi supostamente envolvido em 35 casos de sequestro, aliciamento ou agressão sexual
O Discord também teria desempenhado um papel em 165 casos em que adultos usaram a plataforma para extorsão sexual e para disseminar material de abuso sexual infantil. Além dos riscos de exploração sexual e aliciamento, especialistas alertaram que o Discord tem sido usado para disseminar conteúdo extremista ou niilista.
Ademais, vários suspeitos em "ataques a tiros em massa de grande repercussão" usaram o Discord para anunciar seus planos — incluindo Robinson, que supostamente confessou o assassinato de Kirk em um chat do Discord.
O Discord e outro site de jogos, o Roblox, foram alvo de críticas no início deste ano, quando uma mãe alegou que seu filho cometeu suicídio após ser aliciado e coagido a enviar fotos explícitas nas plataformas.
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Armadilha ideológica
Ativistas ideológicos frequentemente usam plataformas online como câmaras de eco para ideias radicais que impõem a membros suscetíveis do grupo. Crianças impressionáveis que entram em salas de bate-papo e "grupos" nesses sites em busca de comunidade muitas vezes se deparam com ideias e conteúdo complexos ou até mesmo perigosos, para os quais não têm experiência ou maturidade para compreender.
Por exemplo, meninas que recorrem a plataformas como Reddit e Tumblr em busca de aceitação ou apoio para lidar com transtornos alimentares têm sido convencidas por "amigos" virtuais de que devem ser transgênero, algumas chegando a ser pressionadas a se submeter a cirurgias permanentes que alteram suas vidas ainda menores de idade.
Da mesma forma, um rapaz de 17 anos, sem qualquer dúvida prévia sobre sua identidade de gênero, foi manipulado online a acreditar que era "pansexual" e "de gênero fluido"
Crianças também podem ser incentivadas a adotar retórica violenta devido a streamers populares que incitam abertamente a violência contra figuras políticas ou realizam acrobacias perigosas em plataformas como o Twitch.
Um mundo virtual que adoece
Os impactos reais dessas interações virtuais estão desestabilizando nossa cultura atual. As crianças estão mais deprimidas, ansiosas e avessas ao risco do que nunca. O excesso de interações online e a falta de socialização presencial estão, sem dúvida, alimentando essa crise.
Na ausência de medidas de proteção eficazes ou da abstinência total da internet, os pais podem nunca saber o que seus filhos estão fazendo online, com quem estão interagindo ou se seus filhos estão entre as muitas vítimas de aliciamento, exploração e radicalização online.
Na ausência de consequências reais e de um diálogo civilizado saudável, muitas crianças estão crescendo dependentes do que o psicólogo social Jonathan Haidt chama de "bloqueadores de experiência" — dispositivos ou plataformas digitais e os hábitos insuficientes ou negativos que eles lhes ensinam.
Agravando a perda de experiências e socialização no mundo real, as crianças estão se deparando com uma série de ideias radicais, conteúdo extremista ou inadequado em ambientes online que se tornam verdadeiros círculos de eco, sem nuances ou contraponto.
Esses ambientes ensinam as crianças a se esconderem atrás de telas, desfrutando do conforto do anonimato enquanto participam, sem pudor, de discussões extremistas ou acaloradas, das quais provavelmente não teriam coragem de participar pessoalmente.
Como pais, é nosso dever garantir que as plataformas online sejam usadas com cuidado e com as devidas precauções (ou nem sequer sejam usadas), e não como uma desculpa para que as crianças "evitem totalmente" relacionamentos significativos em suas vidas.
Entre as habilidades mais importantes que podemos proporcionar aos nossos filhos está a capacidade de lidar com a adversidade e viver, interagir e desfrutar do mundo real. O primeiro passo para isso é afastar as telas.
©2025 The Daily Signal. Publicado com permissão. Original em inglês: Parenting in a Digital World: A Heartbreaking Image and Its Warning



