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| Foto: Guy Solimano/AFP

A Kodak é um caso clássico de empresa gigante que não conseguiu acompanhar as mudanças tecnológicas – no caso, a evolução da fotografia convencional para a digital. Isso fez com que ela deixasse de ser relevante: a empresa, que chegou a valer US$ 30 bilhões na década de 1970, declarou-se quebrada em 2012 – tudo isso apesar de praticamente ter inventado a fotografia digital, que por um erro estratégico não adotou, acabando por ser suplantada pelos concorrentes.

Isso quase acabou com uma empresa que tem suas origens na Eastman Dry Plate Company, fundada em 1881. Para sobreviver, a Kodak diminuiu de tamanho e arrecadou US$ 525 milhões vendendo patentes. Em 2013, a empresa passou a licenciar sua marca para terceiros.

A Kodak praticamente inventou a fotografia digital, mas demorou para adotá-la

Mas o jogo pode estar virando. A Kodak anunciou, em janeiro, o lançamento de um novo serviço baseado na tecnologia blockchain, o KODAKOne, com o qual fotógrafos poderiam registrar suas fotos e oferecê-las ao mercado. As transações efetuadas seriam liquidadas através de uma criptomoeda própria, a KODAKCoin. Além disso, utilizando inteligência artificial, um robô seria capaz de varrer continuamente a internet e identificar uso indevido das imagens, coibindo-o rapidamente.

A responsável pelo KODAKOne e pelo lançamento da KODAKCoin é uma empresa chamada Wenn Digital, que apenas licenciou o uso do nome da Kodak. A empresa Kodak propriamente dita provavelmente não está envolvida diretamente com tudo isso, o que não impede seus acionistas de faturar alto com o anúncio.

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Por anos as ações da Kodak perderam preço nas bolsas de valores. No dia anterior ao anúncio das novidades, as ações da Kodak eram negociadas por US$ 3,10; no dia seguinte ao anúncio, valiam mais de US$ 13. A partir daí o preço tem se mantido ao redor de US$ 10 – uma valorização muito significativa!

A existência de empresas especializadas em registro, comercialização e fiscalização de direitos sobre imagens é muito interessante, mas a criação da moeda para liquidação das transações parece ser uma medida desnecessária. Se tudo isso vai dar certo, o tempo dirá, mas a iniciativa mostra que a empresa segue no jogo e está atenta aos novos rumos tecnológicos.

Vivaldo José Breternitz, doutor em Ciências, é coordenador da Faculdade de Computação e Informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
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