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A mulher no mercado de trabalho é revolução
| Foto: Pixabay

A mulher demorou a conquistar um lugar no mercado de trabalho. Foi durante o governo de Getúlio Vargas, no ano de 1932, que as mulheres brasileiras conquistaram o direito de votar e, sem dúvidas, esse foi um grande passo em direção a busca pelos direitos trabalhistas femininos, já que, desde essa época, só era considerado cidadão quem votava. Pouco tempo depois, em maio de 1933, Carlota Pereira de Queiroz se tornou a primeira mulher eleita deputada federal, não apenas no Brasil, mas em toda a América Latina.

Em 1988, a Constituição Federal já afirmava em seu artigo 5º que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade…”. Em seu Inciso I, a Constituição afirma que “homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações”. Mas, na prática, esses direitos são realmente garantidos?

A mulher, que era praticamente destinada a ficar responsável pelos afazeres domésticos, sem opção de outras escolhas, caminhos ou possibilidades, conseguiu, com muito esforço, alcançar lugares antes inimagináveis.

O que se pode afirmar com absoluta certeza é que, mesmo após essas mudanças na Constituição Federal (que são extremamente importantes), as mulheres seguiram lutando por cada espaço conquistado. Atualmente, para uma mulher estar bem colocada no mercado de trabalho, muitas vezes ela se sente obrigada a adiar projetos pessoais, como o casamento e a maternidade. Isso realmente faz sentido? Os homens deixam os seus projetos pessoais de lado? É questionado para um homem se ele tem ou pretende ter filhos durante uma entrevista de emprego? A resposta para todas essas perguntas normalmente é não. Isso porque, na sociedade em que vivemos, a responsabilidade pela casa, filhos e família ainda é algo relacionado apenas às mulheres.

Neste ano, o Brasil ficou em 94º lugar no relatório Global Gender Gap Report, do Fórum Econômico Mundial, que analisa a igualdade entre homens e mulheres, em 146 países. De acordo com o documento, a pandemia da Covid-19 atrasou o avanço da paridade de gênero em uma geração e a recuperação tem sido lenta demais para compensar as perdas, podendo levar mais de 132 anos para fechar essa lacuna. O ranking também mostrou que, mesmo com a evolução da mulher dentro de uma atividade, os salários não acompanham este crescimento, já que elas ainda ganham cerca de 30% a menos que os homens exercendo a mesma função.

O cenário realmente não é dos melhores, mas a intenção não é te desanimar. Na verdade, é justamente o contrário. Há cinco décadas era extremamente difícil uma mulher, esposa e mãe estar inserida no mercado de trabalho. Quando olhamos para o setor de tecnologia, a disparidade era ainda maior e, mesmo com tantos empecilhos, a participação feminina na área cresceu 60% nos últimos cinco anos, segundo o levantamento do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Hoje, elas já representam 20% dos profissionais que atuam no mercado de TI no Brasil, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Essa mulher, que era praticamente destinada a ficar responsável pelos afazeres domésticos, sem opção de outras escolhas, caminhos ou possibilidades, conseguiu, com muito esforço, alcançar lugares antes inimagináveis. Atualmente, mesmo com todas as dificuldades, homens e mulheres conseguem se organizar melhor para dividir as tarefas relacionadas ao trabalho e à casa. Isso também é evolução, por mais lenta que pareça.

O fato de ganhar o próprio dinheiro e ter a sua competência reconhecida é motivo de orgulho e de muita luta para as mulheres. Acredite que todos os dias, ao ir trabalhar, você está servindo como base, inspiração e energia para que outras continuem a nossa jornada - pois ainda há desafios a serem superados, como a questão da desigualdade salarial.

Estar no mercado de trabalho já é, por si só, uma revolução. Quando você, mulher, conquista o seu espaço, não apenas a sua própria vida é transformada, mas a de todas as pessoas e, principalmente, mulheres, que estão no seu entorno.

Carla de Bona é cofundadora e diretora de Ensino da {reprograma}.

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