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Com a morte do papa Francisco nesta segunda-feira (21), uma discussão que já vinha sendo sussurrada pelos corredores da Cúria Romana nos últimos meses devido aos problemas de saúde de Francisco, passa a ser dita abertamente. Trata-se de quem será o próximo papa.
O papa Francisco se notabilizou por sua gestão reformista, buscando modernizar a Igreja, ampliar o diálogo inter-religioso e se posicionar sobre questões sociais e ambientais. No entanto, seu pontificado também encontrou resistências dentro do próprio clero, especialmente entre os setores mais conservadores, que veem com reservas sua abordagem progressista.
Seja quem for o escolhido, a próxima eleição papal não será apenas uma troca de liderança, mas sim uma definição sobre qual Igreja se quer para o futuro: uma que dê continuidade à abertura promovida por Francisco ou uma que resgate o rigor doutrinário de tempos passados
Diante desse cenário, a escolha de um novo papa será um campo de disputa entre diferentes alas da Igreja. Os cardeais que compõem o Colégio Cardinalício sabem que a próxima eleição definirá os rumos do catolicismo para as próximas décadas. E a movimentação já começou.
Entre os nomes especulados, figuram tanto cardeais de perfil semelhante ao do papa Francisco, que dariam continuidade às reformas, quanto candidatos mais alinhados a uma postura tradicionalista, que poderiam buscar um retorno a diretrizes mais conservadoras. O equilíbrio entre essas duas vertentes será determinante para a escolha do futuro papa.
Outra questão que se coloca é a origem geográfica do próximo pontífice. Após um papa alemão (Bento XVI) e um papa argentino (Francisco), cresce a expectativa de que a liderança da Igreja possa se deslocar para África ou Ásia, regiões onde o catolicismo tem crescido expressivamente. Nomes como o cardeal guineense Robert Sarah e o filipino Luis Antonio Tagle são mencionados como possíveis sucessores.
Seja quem for o escolhido, a próxima eleição papal não será apenas uma troca de liderança, mas sim uma definição sobre qual Igreja se quer para o futuro: uma que dê continuidade à abertura promovida pelo papa Francisco ou uma que resgate o rigor doutrinário de tempos passados. Os bastidores já estão agitados, e o mundo católico aguarda atento os próximos passos do Vaticano.
Eduardo Batista é doutorando em Teologia Pastoral pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (Rio de Janeiro). Atualmente, é coordenador dos cursos de História e Sociologia da EAD UniCesumar.
Conteúdo editado por: Jocelaine Santos



