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| Foto: Marcos Tavares/Thapcom

O Acordo de Paris pode ser compreendido tanto como reflexo de uma histeria coletiva quanto como símbolo de uma cosmovisão específica para um projeto de poder. A última prescinde do Estado-nação, substitui o autogoverno de uma sociedade com representantes eleitos e diretamente responsáveis ao cidadão por uma estrutura de governo mundial indireta comandada por círculos pretensamente impessoais e não eleitos de uma elite de tecnocratas com conexões nas redes de poder governamental e privada. O Clima é o pretexto para a implantação integral da Agenda 2030 pelo desenvolvimento sustentável. Sua ação é por indução, resoluções e grupos de trabalho que concebem as regras que precipitarão indiretamente sobre os putativos parlamentos de países-membros. Confunde-se o discurso e formalidades com a práxis.

O acordo é um imenso mecanismo de transferência de riqueza, de lógica política e ética distributivista

O acordo é um imenso mecanismo de transferência de riqueza, de lógica política e ética distributivista, pelo qual se explicita aos países em desenvolvimento e pobres as respectivas regras de financiamento que devem ser seguidas pelas instituições financeiras aplicáveis nas medidas de resiliência climática e programas de adaptação (§44 do esboço), desde que sigam a devida cartilha (artigo 7.º, §5). O fundamental para entender esse intervencionismo planetário é a ambição de obrigar os signatários desenvolvidos a alimentar coletivamente um piso de US$ 100 bilhões anuais aos países em desenvolvimento, distribuídos consoante métrica do IPCC (artigo 7.º, §9) e necessidades dos receptores. Cui bono? A tecnoburocracia da ONU, seus consultores e prestadores de serviços, as contrapartes políticas nos países doadores e receptores. Isso é explícito no §55 (esboço), donde a reserva de “mercado de carbono” cria um ecossistema artificial para um pseudoproblema com uma hipotética solução divorciada da realidade. Quem administrará tal vultoso recurso? O Green Climate Fund e o Global Environment Facility (artigo 9.º, §8). Mudança climática é o gatilho da novilíngua para a tributação mundial do CO2 emitido pela atividade industrial. Mas atendem ao propósito?

Leia também: Sair é arriscar a sociedade e a economia (artigo de Junior Ruiz Garcia, professor do Departamento de Economia da Universidade Federal do Paraná e de Daniel Caixeta Andrade, professor do Instituto de Economia e Relações Internacionais da Universidade Federal de Uberlândia)

Encontramo-nos exatamente no hiato de uma glaciação e dentro do padrão do irrefreável ciclo solar de 1,5 mil anos (Dansgaard-Oeschger) de aquecimento que perde o fôlego desde o fim da Era de Gelo. A hipótese principal do IPCC e de todos os acordos climáticos é de que o aumento dos gases de efeito estufa antropogênicos é a causa do atípico aquecimento global, e que o seu efeito tem um reforço positivo na atmosfera. Sucede que o que determina se o feedback será positivo ou negativo se encontra na alta troposfera dos trópicos, tendo sido falseada em 2009 pela realidade num estudo seminal de Richard D. Lindzen.

Nenhum dos modelos climáticos empregados pelo IPCC leva em consideração a influência da irradiação solar (85% de importância no aquecimento) e computa um feedback positivo em suas simulações. Ausente a “ciência”, resta-nos uma política industrial reversa sob nossa indústria. No Senado nacional imperam o sonambulismo geopolítico e incapacidade analítica da parte de alguns, ao passo que aos poucos caciques com agendas definidas segue-se a flauta de Hamelin do globalismo.

João Daniel Ruettimann, bacharel em Relações Internacionais, é mestre em Negócios Internacionais pela Boston University e pós-graduado em Comércio Internacional e Economia lato sensu em Escola Austríaca de Economia.
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