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O aumento da população em uma área física limitada e pouco flexível, característica da maioria das grandes aglomerações urbanas, promove a compressão de espaços, a aproximação de pessoas, a interligação de unidades sociais distintas, o aumento de fluxos, volumes e densidades de mercadorias, automóveis e pedestres. Todos os fenômenos urbanos, dinâmicos por natureza, transcorrem sob uma configuração espacial, parcialmente fixa e restritiva, devendo, portanto, ser por ela moldados. A ocupação dos espaços, os deslocamentos, os volumes e velocidades dos elementos que compõem essa dinâmica urbana e que os inter-relaciona, conduzem a comportamentos diferenciados pela presença de inúmeras restrições e pela consequente necessidade de adaptação.

As atividades desenvolvidas por nós na condição de pedestres definem o modo pelo qual se distribuem e caracterizam a circulação, os encontros e o convívio da população em espaços urbanos.

Andar a pé constitui uma das formas de transporte, sendo a mais primitiva e natural. A importância da circulação dos pedestres não é considerada nas políticas e planos de trânsito. Nossas autoridades públicas não tomaram consciência ainda de que andar a pé é transporte.

Para avaliar a adequabilidade do espaço ao pedestre existem índices para mensurar a conveniência ou atratividade de um ambiente para o deslocamento a pé, verificando a presença ou não de condições necessárias para o deslocamento a pé nos ambientes de circulação.

Um bom exemplo é o modelo de avaliação do Pedestrian-Friendliness Scorecard, Walkability do Victoria Transport Policy Institute (VTPI). Esse modelo serve como ferramenta tanto conceitual quanto prática. Deve ser visto como uma forma de avaliar se a área urbana é ou não conveniente ao pedestre e se as condições adequadas estão disponíveis para criar tal conveniência.

O modelo é dividido em seções, uma para cada critério de conveniência ao pedestre. E, por sua vez, cada um deles abrange uma dimensão que influencia a disposição de caminhar. A avaliação final de um trecho de calçada é obtida pela soma dos pontos atribuídos pelo técnico pesquisador ao ambiente analisado, diante de algumas opções de situações em relação a esse ambiente. A identificação da melhor resposta para cada item listado será utilizada para calcular a pontuação final em cada seção. O produto final é a tabulação e soma dos pontos, compondo uma pontuação que classifica o trecho da rua. Essa graduação possibilita comparar duas ou mais localidades de uma mesma cidade ou mesmo regiões de diferentes cidades.

A questão das deficiências nas características da andabilidade é grave, pois produz danos e deveria requerer maior atenção dos responsáveis pela administração municipal. A andabilidade é muito dependente da situação física das calçadas, seja pelo desenho, superfície, dimensões, planicidade, estado de conservação geral, seja por outros fatores.

Jussara Maria Silva, arquiteta, professora do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Positivo.

Esta coluna é organizada por Clovis Ultramari e Salvador Gnoato para discutir o futuro das cidades.

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