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No mês de outubro do ano passado viajei, juntamente com mais 12 empresários do setor de transportes, para uma missão empresarial na China. Passamos 15 dias do outro lado do mundo e aprendemos muito. Foi uma viagem muito bem sucedida. Uma das minhas maiores surpresas, ao chegar ao local, foi que a China não lembra, em nenhum momento ou lugar que passamos, um país comunista. Muito pelo contrário: o que me parece é que o capitalismo já chegou lá há muito tempo.

O que dá para notar, logo em um primeiro momento, é que o investimento em infraestrutura do local é gritante. Comparada ao Brasil, a China está a anos-luz de distância em vários quesitos: transporte público, estrutura das estradas, construções, investimentos em empresas, infraestrutura de aeroportos, dentre muitos outros pontos. Vi uma população de 1,3 bilhão de habitantes que é organizada e extremamente disciplinada. Pude compartilhar de uma cultura milenar completamente diferente da ocidental em todos os sentidos: costumes, comida, horários, religião e esquema de governo.

Na viagem, nós visitamos diversas empresas, participamos de importantes encontros de negócios e fomos à Feira de Cantão, que é o maior evento do ramo empresarial do mundo. O evento é, sem dúvida, a melhor oportunidade para quem deseja conhecer o ambiente de negócios na China e já preparar sua empresa para iniciar projetos de importação. Realizada todos os anos desde a primavera de 1957, em Cantão (Guangzhou), a feira ocorre duas vezes ao ano, no China Import And Export Fair Complex. O complexo tem 1,16 milhão de metros quadrados de área de pavilhões, com 59.434 estandes e o volume de negócios gira em torno de US$ 37 bilhões.

Na viagem, também tivemos uma reunião com a Câmara de Comércio Internacional e de Empresários de Shenzhen. Apresentando o Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas do Paraná (Setcepar), descobrimos algumas particularidades do ritmo de trabalho da região. As empresas de entrega, por exemplo, só realizam o serviço das 9 às 21 horas. Fora desses horários, só se for extremamente necessário. Nos centros urbanos do local só entram veículos especiais para as entregas; os motoristas devem ter licenças especiais para trabalhar com cargas nas zonas urbanas; todas as cargas têm seguro contra acidentes; e, ao contrário do que acontece aqui no Brasil, eles não têm problemas com roubos ou desvios de cargas. Ainda há o convívio do antigo modo de transporte (motos híbridas, bicicletas e outros tipos esquisitos) com o que há de mais moderno no mundo, porém em harmonia e com foco no futuro.

Nós também visitamos a maior empresa de transporte expresso da China, a Shenfen Express, que tem capital 75% privado e 25% estatal. A prestadora de serviços chinesa trabalha somente com cargas fracionadas, incluindo o e-commerce, e possui 9 mil pontos de entrega, movimentando cerca de 90 milhões de pacotes por ano. A Shenfen possui 200 filiais espalhadas pelo continente, com 350 mil funcionários e 12 mil veículos em operação, além de operar 15 call centers, com 8 mil operadores atendendo 1 milhão de ligações por dia.

A viagem foi um grande aprendizado para todos os empresários e devo dizer que nós, brasileiros, temos muito o que aprender com a China.

Gilberto Cantú é presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas do Paraná (Setcepar).

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