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Estamos tendo o privilégio – ou não – de viver a revolução tecnológica. A geração dos meus avós ficaria atônita se pudesse ter a oportunidade de ver o nosso dia a dia e o frenesi que o acesso ilimitado e imediato a tudo causou em nossa rotina. Além da correria, aprendemos a conviver com as mudanças. Um exemplo é o que vem acontecendo com a forma como os serviços são prestados.

Os Correios quase não entregam mais cartas e contas, mas mercadorias. Em breve, não existirão mais lojas nos shopping centers, que se transformarão em centros de serviços, entretenimento e gastronomia. Cirurgias serão, majoritariamente, feitas à distância, com o auxílio de robôs. O consumo de bens como mercadoria está caindo em desuso, substituído pelo consumo do tipo prestação de serviços, com as ferramentas tecnológicas disponíveis. Enfim, o verbo comprar está sendo substituído por alugar.

O consumo de bens como mercadoria está caindo em desuso, substituído pelo consumo do tipo prestação de serviços

Nesta terça comemorou-se o Dia do Trabalho e não há por que imaginar que ele escapará das mudanças que estamos vivendo. Seguindo o que já acontece em países como a França, veremos diminuir a carga horária de trabalho para dar oportunidade à massa de mão de obra que chega ao mercado. As pessoas vão trabalhar, ou prestar serviços, mais em casa que centralizadas num local físico chamado escritório. Não haverá mais aposentadoria definitiva, mas uma redução gradual de carga horária trabalhada ao longo da vida.

Há 30 anos, ensino as pessoas a guardar dinheiro para se aposentar. Para ter renda mensal para viver, mantendo o padrão de vida, sem precisar trabalhar. Com o aumento da longevidade, a evolução tecnológica e as doenças degenerativas, fruto da inatividade, fui mudando minhas convicções.

Leia também: A luta pela Previdência pública (artigo de Clemente Lúcio e Frederico Melo, publicado em 24 de dezembro de 2017)

Opinião da Gazeta: Os cinco meses da reforma trabalhista (publicado em 10 de abril de 2018)

Hoje, ensino a acumular reservas previdenciárias para diminuir o ritmo de trabalho conforme a idade for aumentando. Afinal, quem não tem objetivo na vida, quem não tem uma razão para levantar de manhã, já começou a morrer. E o Ahlzeimer, o Parkinson e outras doenças estão aí para comprovar isso.

Assim, estive pensando: em época de reforma da Previdência, se este país fosse administrado por gente inteligente, por que não diminuir gradualmente o ritmo de trabalho, com a previdência social pagando as horas que o trabalhador deixasse de produzir para a empresa? Por exemplo: a partir dos 50 anos, ao invés de 8 horas diárias, o trabalhador prestaria serviços por 6 horas, que seriam pagas pelo patrão. As 2 horas que ele deixaria de trabalhar seriam pagas pelo INSS. Aos 60 anos, reduziria para 4 horas de trabalho e 4 de aposentadoria.

Uma aposentadoria gradativa, de enorme valor para as empresas, que aproveitariam a experiência dos trabalhadores mais maduros, e uma solução mais barata para todos. O mundo mudou, a velhice mudou, o trabalho mudou. Poderíamos mudar também a Previdência.

Renato Follador é consultor em previdência.
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