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| Foto: Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Pelas últimas pesquisas divulgadas sobre a eleição para presidente e governadores deste ano, temos a impressão de que a corrida eleitoral já chegou. Para presidente, Lula e Jair Bolsonaro lideram a intenção de votos. Sem Lula na disputa, o que parece ser cada vez mais provável, Bolsonaro assume a liderança, seguido por Ciro Gomes. Para governador do Paraná, Ratinho Jr. lidera, seguido por Osmar Dias. Em São Paulo, João Dória e, logo atrás, Celso Russomano. No Rio de Janeiro, Eduardo Paes está na frente.

Na década passada, a divulgação das pesquisas de intenção de voto era tema polêmico entre jornalistas, cientistas políticos e políticos. As discussões eram sobre a definição de um período mínimo para a divulgação de pesquisas, a transparência das informações para a compreensão correta dos resultados divulgados e se a divulgação das pesquisas no período pré-eleitoral influencia a decisão do eleitor.

O que as pesquisas vêm mostrando até esse momento não vai além de pura especulação

Por um lado, essa polêmica serviu para garantir e defender a livre divulgação de prévias eleitorais. Como estamos em um Estado Democrático de Direito, os cidadãos/eleitores têm garantido o direito básico à informação e ao conhecimento sobre quem são os aspirantes a cargos eletivos. Este é o papel das pesquisas.

Mas estudos relativos à opinião pública mostram que, depois de divulgadas, as pesquisas podem causar alguns efeitos sobre a decisão do eleitor. O primeiro é o bandwagon effect, em que a pressão da opinião da maioria leva eleitores indecisos a optar pelo candidato que está em primeiro nas intenções de voto. O segundo é o underdog effect, em que o candidato pior ranqueado nas intenções tende a ficar com a intenção de voto do eleitor. Há também o efeito chamado “voto útil”, em que o eleitor escolhe uma segunda opção para não “perder” o seu voto e, como critério, escolhe entre os candidatos que estão na frente nas pesquisas.

Leia também: Lula, condenado e candidato (editorial de 25 de janeiro de 2018)

Leia também: O que de fato está em jogo nas eleições presidenciais de 2018 (artigo de Pedro Jobim, publicado em 13 de março de 2018)

É pertinente pensar também se estas últimas pesquisas divulgadas sobre os aspirantes a cargo de presidente e de governadores retratam mesmo as opções que o eleitor brasileiro enxerga neste momento. Maxwell McCombs e Donald Shaw, estudiosos da opinião pública, argumentam que a “intenção” de voto captada pelas pesquisas de opinião reflete, por um lado, as informações que ocupam a pauta na agenda da mídia e, por outro, são resultado do bate-papo que os eleitores mantêm sobre a corrida eleitoral.

Estamos a cinco meses do pleito eleitoral e é notório que o assunto ainda não predomina na agenda da grande mídia, e também está distante da rotina pessoal do eleitor brasileiro, que vê com grande desconfiança os partidos e os políticos do país. Portanto, o que as pesquisas vêm mostrando até esse momento não vai além de pura especulação.

Doacir Gonçalves de Quadros é professor do curso de Ciência Política e do mestrado acadêmico em Direito do Centro Universitário Internacional Uninter.
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