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Imagem ilustrativa.| Foto: Site da Prefeitura de Fortaleza

Durante aquelas primeiras semanas difíceis da pandemia, com as escolas fechadas por tempo indeterminado, eu só conseguia pensar em um grupo de estudantes do interior do Paraná. Eu os conheci em 2019, quando tinha acabado de assumir a secretaria estadual de educação. Naquela manhã, fui até uma roda de alunos do ensino médio. Eles tinham por volta de 15, 16 anos. Perguntei qual era o sonho deles. Eu estava esperando qualquer coisa, menos o silêncio.

Como muitas pesquisas internacionais mostram, as escolas que acreditam nos estudantes estão entre as instituições de maior desempenho. O impacto atravessa a escola toda. As crianças e adolescentes se sentem mais motivadas. Os professores dão atenção especial aos alunos com dificuldades. O diretor é participativo. No final, temos turmas engajadas, com projetos e iniciativas. Essas escolas estão vivas porque fazem algo simples: elas enxergam o potencial, muitas vezes escondido, de cada pessoa que atravessa o portão do colégio. Aquela escola do interior não estava muito bem.

Nossos professores, estudantes e profissionais da educação mostraram que, apesar da dor e dos enormes percalços da pandemia, a esperança é mais forte.

Mas essa situação mudou. A divulgação dos dados do IDEB mostrou que alcançamos o topo entre as redes públicas do Brasil no ensino médio e conquistamos uma das maiores notas do ensino fundamental nos anos finais.

Durante a pandemia, muitas pessoas e instituições desistiram dos estudantes brasileiros. Havia uma frase, repetida à exaustão: há uma geração perdida e não temos como recuperá-la. Se essa ideia fosse verdadeira, estaríamos produzindo escolas doentes em uma escala nunca vista.

Felizmente, ninguém está condenado à pior versão da realidade. Nossos professores, estudantes e profissionais da educação mostraram que, apesar da dor e dos enormes percalços da pandemia, a esperança é mais forte. O trabalho de diretores, professores, merendeiras, secretárias, gestores públicos e especialistas teve impacto direto na vida de um milhão de alunos.

Todas e todos fizeram um trabalho gigantesco para garantir que os materiais de estudo chegassem aos estudantes, para dar acesso gratuito a conteúdos educacionais pela internet, para transmitir as aulas pela TV aberta e pelo computador. Elas garantiram a abertura das escolas em 2021 e a continuidade em 2022 porque acreditam nos nossos estudantes, porque sabem que essa geração não está perdida. De fato, essa é a geração mais promissora da história. São os estudantes da esperança. É só não olhar para o potencial desperdiçado, mas para a energia que cada criança e adolescente carrega dentro de si, a força que a transforma na melhor versão de si mesma.

Por isso, o IDEB não é um ponto de chegada, mas de partida. Queremos nos consolidar como a melhor educação pública do Brasil e sonhamos em ter uma das melhores do mundo. Sabemos que os desafios não são pequenos e que há muito a se fazer. Precisamos pagar as dívidas do século 20 e, ao mesmo tempo, construir o século 21. Ao mesmo tempo, é preciso reformar as nossas escolas centenárias e oferecer aulas de programação de computador. Vamos colocar internet de alta qualidade em todas as escolas e metade dos alunos do ensino médio na educação profissional. Aumentamos a oferta de merenda e ensinamos educação financeira para os estudantes da rede.

O Paraná já é conhecido por ser o maior produtor de alimentos por metro quadrado do mundo. Isso é excelente, mas queremos mais. Queremos ser o maior formador de talentos do mundo. De Diamante do Norte a Lapa, de Saudades do Iguaçu a Jacarezinho, é preciso mostrar que se acredita nas pessoas. E essas pessoas, essa geração formada durante a pandemia, é que vai colocar o Paraná onde ele merece estar: entre um dos melhores locais do mundo para viver, se desenvolver e sonhar. Nunca devemos desistir de nenhum dos seus estudantes. Esse deve ser o nosso lema e o nosso projeto.

Renato Feder, mestre em Economia pela Universidade de São Paulo (USP) e graduado em Administração pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), é secretário da Educação do Paraná.

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