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Imagem ilustrativa.| Foto: Site da Prefeitura de Fortaleza

Se você está lendo este artigo, com toda certeza um professor passou por sua vida. A partir deste princípio pode-se entender o ato de ensinar como uma vocação, porque o fato de uma pessoa deter o conhecimento sobre determinada área não está atrelado a saber transmitir esse conhecimento.

Ensinar, antes de tudo, significa respeitar o que ainda não se sabe e estar disposto a seguir essa jornada da transformação, dia após dia, ano após ano. Jornada que apresenta um caminho, composto não só por superação, mas também por desafios.

Cada criança ou adolescente que compõe a carteira de uma sala de aula da educação básica carrega em si um universo particular e cabe ao professor afetar esse aluno a ponto de construir com ele o conhecimento, mesmo que isso signifique laborar em circunstâncias adversas, que desafiam constantemente a sua jornada. Seja por horas de trabalho contínuo (que podem ultrapassar as quarenta e quatro horas semanais), ou até mesmo por questões comportamentais de alguns estudantes que elevam o desgaste dos profissionais, que frequentemente atuam em salas com mais de trinta e cinco estudantes.

Pode-se ainda refletir e questionar se a profissão estaria com projeções pouco otimistas a respeito do futuro, por razões que poderiam extrapolar as linhas deste artigo. No entanto, existe uma que necessita reflexão: em um dado momento, ser professor se tornará desinteressante?

Uma pesquisa realizada pelo Instituto Península, Centro de Estudos em Administração Pública e Governo da Fundação Getúlio Vargas (CEAPG/FGV EAESP), chamada Oferta e Demanda de Professores do Brasil, afirma que, desde a década de 1980, acumulam-se estudos nacionais e internacionais que apontam para uma possível falta de professores em diferentes países. O trabalho ainda chama atenção para observar que, apesar da demanda do curso de pedagogia ter aumentado, isso pode não significar mais professores em sala, considerando que o pedagogo pode atuar em áreas distintas. Essa preocupação também alcança os professores especialistas, como na área da matemática, por exemplo, que apresentam uma tendência de migrar para o mercado econômico, o qual pode ser mais atrativo financeiramente.

O baixo investimento na valorização da profissão é um tema em constante debate e não está completamente atrelado à questão da remuneração salarial adequada. O assunto passa por outras diligências, tão importantes quanto, como o apoio às demandas da função, a formação continuada, o alto número de alunos por sala, e as condições precárias estruturais em que o professor é colocado e atua diariamente.

Diante de todos os desafios da profissão é essencial que os envolvidos na comunidade escolar estejam alinhados com as necessidades do profissional, porque a verdadeira valorização pode ser comparada a uma fração matemática, que nada mais é do que a divisão de partes iguais sendo que cada parte é uma fração do inteiro. Para poder ensinar com qualidade e estar comprometido com o que faz, o professor precisa ser visto à altura da sua importância social. Os processos de alfabetização e da matemática básica realizados com qualidade serão fatores determinantes para o bom desempenho das crianças ao longo de toda a vida escolar e até mesmo profissional.

O que é necessário refletir é por que, mesmo reconhecendo-se a importância da educação, ainda não priorizamos esse tema num país tão carente como o Brasil, que, assim como diversos países em desenvolvimento, está a passos vagarosos na busca pela priorização da educação. E ainda parece imaturo para entender que esse é o único caminho eficaz para o desenvolvimento concreto. É justamente na escola que se planta a esperança de um mundo mais justo e eficaz, e, por isso, a importância de contar com os principais responsáveis desse processo: seus professores.

Carolina Paschoal é pedagoga e diretora da Escola Pedro Apóstolo.

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