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Brasil e Alemanha, relação positiva em um ambiente de incertezas e transformações
| Foto: nikolaus_bader/Pixabay

A pandemia da Covid-19 impactou significativamente as nossas vidas e a economia – por exemplo, estamos repensando a maneira de nos relacionarmos. Seguramente a pandemia é responsável por acelerar a transformação digital pela qual o mundo passa. É justamente em um ambiente de mudanças e incertezas que surgem novas oportunidades. E, afinal, o que esta crise representa para as relações comerciais entre Brasil e Alemanha?

No segundo trimestre deste ano, o tombo do PIB no Brasil foi de 9,7%, maior que os 5,4% registrados no biênio 1930-1931 e superior aos 7,4% do período 2015-2016 – nesse caso, reflexo da política econômica catastrófica daquele governo.

Associar a queda do PIB somente à Covid-19 seria um equívoco, pois existem outros fatores que continuamente afetam o desempenho pífio da nossa economia. As propaladas reformas tributária e administrativa, que simplesmente não avançam, podem ser citadas. O incentivo ao investimento privado nacional e estrangeiro na infraestrutura, a redução da intervenção estatal, a desburocratização e desregulamentação, a privatização das empresas estatais, a abertura do nosso mercado e a garantia da segurança jurídica aos investidores completam o rol de ações urgentes e necessárias, sem as quais não veremos um crescimento sustentável em breve.

Estima-se que os investimentos estrangeiros diretos no Brasil caiam de US$ 77 bilhões em 2019 para US$ 53,5 bilhões em 2020. O PIB deve atingir uma marca de -5,6%. Dois fatores positivos são: a inflação medida pelo IPCA, estimada em 2%, e a taxa Selic, que também deve ficar nos atuais 2%.

Hoje, o real é uma das moedas mais fracas do mundo e a sua cotação atual, passando de R$ 5,50 por dólar, pressiona a inflação. Por outro lado, contribui para o aumento das exportações brasileiras, sobretudo do agronegócio. De acordo com informações da Secretaria de Agricultura do Paraná, o setor representou 80,3% das exportações do estado no primeiro quadrimestre. A supersafra e a demanda chinesa por alimentos também contribuíram para o bom desempenho.

Neste cenário, gostaria de falar sobre as relações econômicas com a Alemanha, que são sólidas e duradouras. Seu fomento é prioridade para a Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha (AHK Paraná) e, apesar das adversidades, a percepção das organizações associadas é positiva para 2021. Em 2019, o volume de negócios entre os dois países atingiu US$ 15 bilhões. As importações brasileiras foram de US$ 10,3 bilhões e as exportações, de US$ 4,7 bilhões. Isso inclui importados, matérias-primas para a indústria química, elementos e acessórios automotivos, medicamentos, adubos e fertilizantes. Foram exportados café cru, farelos de soja, minérios, celulose e produtos manufaturados.

Ainda em 2019, o volume de negócios entre o Paraná e a Alemanha foi de US$ 969 milhões. Os principais produtos exportados foram madeira compensada, carne e grãos, que totalizaram US$ 448 milhões. As importações paranaenses, incluindo veículos, peças automotivas e fertilizantes, somaram US$ 521 milhões.

O Paraná é um mercado muito atraente para investimentos alemães nas áreas estratégicas do estado, com destaque para setores como o automotivo, eletrônico, life sciences, tecnologia para a agroindústria e energias renováveis.

Ao falar em agroindústria, o Brasil é um exemplo nas questões de produtividade e sustentabilidade, pois aproximadamente 25% do PIB nacional vem desse setor. Mas o país importa cerca de 75% dos fertilizantes que utiliza, e uma maneira de reduzir essa dependência estratégica é aumentar a produção local com sustentabilidade. Uma solução pode ser a produção de hidrogênio verde, que serve como base para os fertilizantes e que é obtido por meio da produção de energia vinda de fontes renováveis e limpas.

A Alemanha é precursora nesse processo de transformação e certamente poderá compartilhar essa tecnologia. Está aí uma grande oportunidade de cooperação: palavra de ordem em um momento como esse que o mundo tem enfrentado.

Diante de tantas redefinições, em um ambiente disruptivo para a economia, em que as companhias estão recriando seu modelo de negócios, dando cada vez mais importância à sustentabilidade, aos processos de inovação, à inteligência artificial e à indústria 4.0, as empresas alemãs poderão contribuir significativamente para que o Brasil possa se tornar mais competitivo.

Andreas F. H. Hoffrichter é diretor regional da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha (AHK Paraná).

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