Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Artigo

“Descer para BC”: o impacto da falta de planejamento no paraíso

(Foto: Alex Caceres/Unsplah )

Ouça este conteúdo

Balneário Camboriú é uma vitrine do que o Brasil tem de mais ousado em termos de urbanização. As torres icônicas que pontuam o horizonte da cidade representam o m² mais caro do país e atraem um público diverso, ávido por viver ou ao menos experimentar o dinamismo de uma vida urbana intensamente adensada.

A praia é um chamariz, claro, mas o verdadeiro apelo de Balneário está no encontro. É no térreo que a magia acontece: um espaço onde classes sociais e estilos de vida se misturam em um fervo de opções de entretenimento. O adensamento urbano oferece uma variedade impressionante de comércios e serviços a poucos passos de distância, uma valorizada proximidade que define o ritmo vibrante da cidade.

Não é o adensamento o vilão de cidades como Balneário Camboriú. Tampouco é a agitação urbana que enche as ruas. O verdadeiro problema é a ausência de um planejamento sustentável, um plano de crescimento organizado que priorize infraestrutura, qualidade de vida e resiliência

Porém, quando se observa além das alturas, fica evidente o que falta: planejamento. A cidade é como uma pizza que exagerou no molho da cobertura, mas descuidou da base da massa. Em seus menos de 50 km², Balneário Camboriú enfrenta o desafio de abrigar até 2 milhões de pessoas em alta temporada, uma pressão que expõe as fragilidades de sua infraestrutura.

A rede viária, energia elétrica, drenagem e saneamento são submetidos a uma sobrecarga constante. Chuvas intensas geram alagamentos que forçam a cidade a decretar emergência, enquanto o saneamento insuficiente contamina as águas do mar e desencadeia surtos de viroses. O próprio adensamento vertical, tão emblemático da cidade, cria sombras extensas e corredores de vento que dificultam a vivência ao nível do solo.

VEJA TAMBÉM:

Ao contrário disso, bairros planejados abraçam uma abordagem holística. Aqui, o adensamento é uma ferramenta estratégica, não um subproduto do crescimento desordenado. As alturas das edificações são pensadas para maximizar vistas, iluminação natural e harmonia arquitetônica. As áreas verdes são protagonistas, integrando soluções de drenagem resilientes que evitam alagamentos e ainda oferecem espaços de convivência e lazer. Exemplos não faltam, como a rede de parques de Curitiba, onde o Parque Barigui brilha ao reter águas pluviais e servir como um refúgio urbano.

Outro exemplo, é o PARC Autódromo. Localizado a menos de 20 minutos do centro da capital, o bairro planejado projetado por Jaime Lerner foi desenvolvido sob os conceitos do urbanismo para pessoas. O projeto combina, além de 300 terrenos residenciais, 40 torres residenciais e corporativas com um shopping a céu aberto em suas fachadas ativas, calçadas largas e uma diversidade de áreas de lazer. A sua “praia” é o parque central, com um lago que não apenas cria um ponto de encontro vibrante, mas também atua como solução climática.

Não é o adensamento o vilão de cidades como Balneário Camboriú. Tampouco é a agitação urbana que enche as ruas. O verdadeiro problema é a ausência de um planejamento sustentável, um plano de crescimento organizado que priorize infraestrutura, qualidade de vida e resiliência.

A boa notícia é que o Brasil está abraçando essa mudança com bairros planejados que combinam inovação, funcionalidade e cuidado com o meio ambiente. Esses projetos não apenas atendem às necessidades atuais, mas também pavimentam o caminho para um futuro resiliente, onde viver é sinônimo de bem-estar, comodidade e segurança.

Yasmin de Nadai, arquiteta e gerente de produto da BairrU.

Conteúdo editado por: Jocelaine Santos

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.