
Ouça este conteúdo
A morte de Charlie Kirk, aos 31 anos, vítima de um atentado, é mais do que a tragédia pessoal de um jovem líder conservador. É, antes de tudo, um sinal alarmante de uma sociedade que perdeu o apreço pela vida. Kirk não era apenas uma voz política; foi um porta-voz incansável da defesa da dignidade humana, que via na vida um valor absoluto e inegociável. O paradoxo é cruel: aquele que tantas vezes denunciou os males da “cultura da morte” tornou-se mais uma vítima de seus frutos amargos.
Kirk defendia com paixão e clareza a convicção de que a vida é um dom sagrado, desde a concepção até o último suspiro. Para ele, isso não era uma bandeira partidária, mas um princípio que atravessava qualquer fronteira ideológica. Criada à imagem de Deus, toda pessoa carrega em si um valor que não pode ser relativizado. Por isso, ele advertia constantemente que uma sociedade que aceita matar seus filhos no ventre materno não demora a perder o respeito por qualquer vida. O assassinato de um bebê indefeso e o atentado contra um opositor ideológico são frutos da mesma raiz: a perda do sentido da sacralidade da existência.
Se quisermos evitar o abismo moral que se aproxima, precisamos romper com a cultura da morte e resgatar o valor inegociável da existência humana. Esse é o legado que Kirk deixa – e o desafio que agora recai sobre nós
Infelizmente, o que se vê em nossos dias confirma essa lógica perversa. A cultura da morte não se limita às clínicas de aborto, embora ali esteja sua expressão mais cruel e silenciosa. Ela se estende às ruas, nas quais divergências são resolvidas com violência, e às redes sociais, onde a intolerância se reveste de virtude e o ódio é exaltado como justiça. Manifesta-se nas universidades, quando se cancela e silencia vozes dissidentes em nome de uma suposta inclusão que, na prática, exclui quem pensa diferente. E agora, como no caso de Charlie Kirk, aparece também no gesto extremo da eliminação física do adversário. Quando a vida deixa de ser vista como sagrada, qualquer obstáculo passa a ser descartável.
É nesse ponto que o alerta de Kirk se torna ainda mais urgente. A cultura da morte não é apenas um debate moral restrito ao aborto; é um fenômeno que corrói as bases da convivência humana. Quando se desumaniza o ser humano, quando se relativiza o valor da vida, abre-se a porta para um processo de degradação social que conduz inevitavelmente ao caos. A banalização da morte leva ao enfraquecimento da justiça, à naturalização da violência e, por fim, à dissolução dos vínculos de confiança que tornam possível a vida em sociedade. O atentado que tirou a vida de Charlie Kirk é um episódio trágico, mas também é o retrato de um futuro que nos aguarda, se não recuperarmos o valor absoluto da vida.
Por isso, não basta lamentar sua partida precoce. É preciso transformar o luto em responsabilidade. Se quisermos honrar sua memória, precisamos assumir com mais firmeza o compromisso que ele defendia: afirmar, sem hesitação, que toda vida importa. Importa a do bebê indefeso que ainda não nasceu; a do idoso esquecido em um asilo; a do dependente químico perdido nas ruas; a do opositor político que discorda de nós. A vida não é descartável, não é moeda de troca, não é concessão do Estado ou da sociedade. A vida é dom de Deus, e por isso deve ser defendida em todas as suas etapas e condições.
Que a memória de Charlie Kirk não seja reduzida a uma lembrança nostálgica, mas sirva como um chamado à ação. Que sua voz, agora silenciada por uma bala, se multiplique em milhares de vozes que proclamem contra a maré: defenderemos a vida, sempre. Se quisermos evitar o abismo moral que se aproxima, precisamos romper com a cultura da morte e resgatar o valor inegociável da existência humana. Esse é o legado que Kirk deixa – e o desafio que agora recai sobre nós.
Ramon de Sousa Oliveira é pastor presbiteriano e autor do livro “O Valor da Vida”.
Conteúdo editado por: Jocelaine Santos



