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A fama de gastador do turista brasileiro está chegando longe e tem muito país de olho nele. Segundo Antonio de Azevedo, presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav), além de consumistas, somos conhecidos pela curiosidade: gostamos de experimentar, visitar várias cidades de um mesmo país. Um ativo de combinação promissora para os países mais exóticos.

O Brasil está entre os países que mais cresceram, em pouco tempo, com a emissão de turistas e gastos dos mesmos mundo afora. Em dez anos, o gasto do turista brasileiro cresceu aproximadamente dez vezes, passando de US$ 2,26 bilhões em 2003 a US$ 23,13 bilhões em 2013. Isso está associado a eventos claros, como o deslocamento social, com a ascensão da classe média, a valorização do real e outros eventos não tão claros, como a alta inflação no Brasil, de forma que pode ser mais barato consumir externamente que dentro do país.

De fato, o custo-benefício é considerado importante para os viajantes brasileiros, conforme aponta um relatório divulgado pela Comissão Canadense de Turismo. É sintomático, portanto, que países fronteiriços ao Brasil, como Argentina e Uruguai, estejam entre os populares destinos dos brasileiros, por serem mais baratas as vias de acesso. Mas os Estados Unidos figuram em primeiro lugar na lista de países visitados pelos brasileiros, principal destino de compras dos mesmos.

Quais seriam, então, as vias de acesso dos destinos menos visitados ao mercado interno, a fim de desbancar os destinos mais populares? A estratégia tem sido trabalhar com esse mercado, a exemplo dos escritórios de representação turística no Brasil de locais como o município mexicano de Los Cabos, o arquipélago de Seychelles e o estado norte-americano do Arizona, que apostam naquele viajante que já visitou as atrações mais conhecidas dos EUA, Europa e América do Sul e agora busca destinos diferenciados.

Nesse setor, a nossa curiosidade é o que mais conta para chamar a atenção dos viajantes. No escritório do Arizona, a investida tem o objetivo de esclarecer que o Grand Canyon está sediado no estado. No escritório de Seychelles, a localização já é, por si só, um convite ao desconhecido, uma vez que o arquipélago está sediado na costa leste da África, no Oceano Índico. Já em Los Cabos o atrativo fica por conta de belezas naturais típicas da América Central, associadas a atividades como mergulho e nado com golfinhos.

Outros destinos como Vietnã, Azerbaijão, Egito, Tailândia e Turquia buscam investidores interessados em diversificar o rol de opções de destinos, montando estandes em feiras nacionais e divulgando atrações renomadas, muitas delas designadas Patrimônio Mundial pela Unesco.

A conclusão é apenas retórica; não é demais mencionar o enorme potencial que as agências de viagem têm para atender a essa demanda e anunciar o desconhecido para os viajantes sedentos de experiências diferenciadas e com poder aquisitivo um pouco mais elevado. Para colocar números: no Brasil, 75% dos turistas procuram uma orientação de um agente de viagem, e 50% fecham a viagem com uma agência, conforme relatório da Comissão Canadense. Potencial é o que não falta.

Henrique Mol, especialista em Turismo, é sócio-fundador da Encontre Sua Viagem, franquia de turismo.

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