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Christmas, Nativity Scene, birth of Jesus Christ
Christmas, Nativity Scene, birth of Jesus Christ| Foto: Bigstock

Natal está chegando. Faz já umas semanas que na entrada da casa colocamos Maria, José, os animais. No entanto, o menino Jesus ainda falta: as nossas crianças não nos permitiriam fazer nascer ele antes de tempo. Colocamos luzes nas paredes, e temos no coração este ar de festa e alegria do que tanto gostamos ao aproximar-se do Natal. Parece tudo bastante normal, habitual, uma tradição secular que seguimos com prazer.

O Natal inicial foi tudo, menos normal. Estranho, até. Por que Deus escolheu pastores perdidos no mato para o grande anúncio? Ser pastor naquela época era para incultos e toscos, incapazes de ofícios mais dignos. A fim de contas, eles só olhavam ovelhas comer, certo? O Filho de Deus nasce numa gruta fedorenta entre bois, por quê? Não tinha condições de arrumar algo melhor? Talvez não entre os ricos, pois Deus queria estar entre as pessoas simples, mas pelo menos uma cama decente para Maria e um pouco de privacidade. E, sem aviso, uns "magos" não judeus aparecem do nada, trazendo ouro para uma família miserável refugiada no meio de animais num vilarejo da Judeia. A história fica definitivamente esquisita, digna destes contos de fadas que as crianças amam.

O Natal inicial foi tudo, menos normal. Estranho, até

Contudo, não é que Deus se diverte fazendo histórias de meninos com a sua Redenção. Tampouco nos trata como crianças. Deus gosta de nos tirar do nosso “normal” de adultos autossuficientes, de fazer as coisas de um jeito diferente, estranho, muitas vezes para nos obrigar a sair da tranquilidade medíocre. Nos quer levar a umas experiências novas, mais fortes, desconhecidas e mais satisfatórias. Por isso Ele escolheu os pastores, não os "normais". Estavam abertos a mudanças, prontos para se importar com um bebê envolto em mistério. Os "normais" talvez estivessem ocupados demais para ir até a gruta. Por isso também o Filho de Deus quis nascer em um lugar miserável, para nos convidar a nos humilhar como ele, a não nos apegar a nossos direitos, riquezas e pretensões. Se ele, que é Deus, reduz-se a nada para se fazer homem, como nós que “um dia vivemos e o dia depois morremos”, podemos correr atrás de tantas coisas materiais e honras do mundo que morreram bem antes do que nós?

Este ano, poderíamos viver um Natal estranho também. Poderíamos nos preocupar mais pelas pessoas que pelos presentes, mais pelo sentido que pela aparência. Em vez de mandar a típica imagem de WhatsApp a centenas de contatos, talvez convidar uma vizinha, uma tia ou um companheiro de trabalho, o qual sabemos que passará as festas sozinho. Poderíamos simplificar a preparação do jantar, reservando mais tempo para participar de uma bela missa de Natal em família. E se construíssemos o presépio com as crianças, ensinando-as a preparar o seu coração com atos bons, para a vinda de Jesus? Ou que tal sair em família para cantar músicas alegres em um asilo de idosos ou em um abrigo para pessoas sem-teto? Certamente, seria estranho para muitos. Contudo, viver de modo estranho não foi o que Deus  fez no dia de Natal?

Padre Matthieu Boo d'Arc, sacerdote Legionário de Cristo.

Conteúdo editado por:Jônatas Dias Lima
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