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Imagem ilustrativa.| Foto: Unsplash

No dia 13 de agosto Israel sofreu mais um atentado. Dessa vez foi em Jerusalém, quando um atirador abriu fogo e feriu oito pessoas, em mais um ataque realizado pelo que tem sido chamado de “lobo solitário”. Seja no espectro do terrorismo internacional, seja no que tange ao terrorismo em Israel, essa não é a primeira vez que esse termo, “lobo solitário”, é citado.

A expressão passou a ser conhecida no auge dos ataques terroristas na Europa e nos Estados Unidos na década passada. Com o avanço do Daesh, conhecido popularmente como Estado Islâmico, em territórios do Iraque e da Síria – fruto da ausência de Estado nesses locais como consequência da invasão estadunidense ao Iraque em 2003 e a guerra civil síria com início em 2011 – pessoas em diferentes regiões do mundo e sem nenhuma filiação óbvia com o grupo começaram a perpetrar ataques terroristas sozinhas. Esse tipo de ação motivou a nomeação dessas pessoas e a própria divulgação da mídia como “lobos solitários”.

O que diferencia os ataques dos “lobos solitários” de outros tipos de ataques terroristas é a falta de comando. Não são ataques com um planejamento que envolva várias pessoas.

Na época, esse tipo de ataque foi explicado pela disseminação da ideologia do Daesh que se utilizava de redes sociais como Facebook e YouTube para divulgar seus ideais e feitos de forma heroica. Decapitações ao vivo no YouTube eram frequentes. Contudo, não são apenas aqueles que se identificam com o Estado Islâmico que se utilizam da estratégia terrorista dos “lobos solitários”. Desde 2015, ataques desse tipo ocorrem em Israel. Na época, a chamada “Intifada das Facas”, seis meses de ataques realizados por indivíduos sozinhos e portando facas, aconteceram em cidades como Jerusalém e Jaffa.

O que diferencia os ataques dos “lobos solitários” de outros tipos de ataques terroristas é a falta de comando. Não são ataques com um planejamento que envolva várias pessoas. Apesar dos perpetradores muitas vezes se identificarem com ideologias de grupos já conhecidos, como Hamas, Jihad Islâmica, Al-Qaeda, Daesh etc., eles não fazem parte oficialmente desses grupos e, por sua vez, os grupos não planejaram esses ataques diretamente.

A frequência com que acontecem se torna cada vez maior pela facilidade, uma vez que é uma pessoa sozinha agindo, conseguindo muitas vezes burlar sistemas de segurança, usando facas ou armas brancas, explosivos montados em casa e sem comunicação por telefone ou redes sociais com outros perpetradores.

É importante ressaltar que o terrorismo como tática de guerra, e em especial a ação de “lobos solitários”, tem um objetivo claro, que o diferencia de outras estratégias, já que seu foco não são as vítimas imediatas, mas sim a sociedade em geral que assiste ao ataque e não é atingida, mas que permanece com medo, aterrorizada pela possibilidade de estar no lugar errado na hora errada em um futuro próximo.

Grupos como Hamas e Daesh já parabenizaram esse tipo de ataque, pois facilita seu próprio trabalho. Afinal, quanto maior o número de pessoas que se identificam com sua ideologia realizarem ataques sozinhas com seus próprios recursos, melhor para os grupos que não têm de se preocupar em organizar um ataque.

No caso desse mais recente atentado ocorrido em Jerusalém no dia 13 de agosto, ele aconteceu quase uma semana depois do último ataque realizado por Israel à Faixa de Gaza, em combate à Jihad Islâmica palestina, exatamente como em outras situações, onde o ataque ocorre após combates israelenses na região. O recente combate levou 42 palestinos civis à morte, a maioria crianças, o que provoca revolta da comunidade internacional e de palestinos.

Pela facilidade com que esses tipos de ataques terroristas acontecem, podemos esperar que veremos outros em breve. Enquanto o conflito entre Israel e Palestina não for solucionado, com a criação de um Estado Palestino e a sonhada autonomia que tanto buscam e merecem, a violência não vai deixar de existir.

Karina Calandrin, doutora em Relações Internacionais pelo PPGRI San Tiago Dantas (Unesp, Unicamp e PUC-SP), pesquisadora do Instituto de Relações Internacionais da USP e professora da Universidade de Sorocaba, é coordenadora de programas e projetos do Instituto Brasil-Israel (IBI).  

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