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Uma das principais causas apontadas para o baixo crescimento da economia brasileira é a decepcionante evolução da nossa produtividade. Nos últimos dez anos, a média anual foi de -0,3%, contra +1,7% na Coreia do Sul, +2,3% na Índia e +4% na China. Esse quadro é consequência, em boa parte, da forte queda da participação da indústria de transformação na geração de riquezas no país: de 19,2% do PIB em 2004 para 13,2% neste ano. Segundo o professor Yoshiaki Nakano, um dos fundadores do Movimento Brasil Eficiente (MBE), este é o setor mais dinâmico, responsável por mais de 70% dos gastos em P&D, com produtividade 30% superior à média da economia, e está em crise: sua participação na geração de empregos caiu de 22% para 11% entre 2002 e 2011.

O crescimento do consumo no Brasil, nos últimos anos, gerou consequências distintas para o comércio de produtos e serviços. Como esses últimos dificilmente podem ser importados, o aumento da demanda não foi acompanhado pelo correspondente aumento da oferta, pressionando a inflação. E os salários no setor avançaram além da evolução da produtividade, pressionando os custos de mão de obra dos demais setores. Na indústria de transformação, cresceram a uma taxa média de 6,6% entre 2004 e 2011. Isso impactou fortemente as suas margens, uma vez que não pode reajustar os preços devido à concorrência dos importados, cuja participação passou de 11,6% para 22,3% no período.

O fato é que os setores da economia que mais têm crescido e gerado empregos – como o de serviços, que hoje representa 67% do PIB – são os de menor produtividade. Além disso, a relação produtividade do trabalho/salários, hoje, nos é desfavorável em praticamente todos os setores, prejudicando a competitividade, desestimulando investimentos e travando o crescimento.

É preciso enfrentar o ascendente Custo Brasil, que faz do Brasil um país caro, desinteressante, movido a estímulos localizados do governo, para atender grupos de pressão e para atrair investimentos que, todavia, estão longe de suprir as nossas necessidades. De menos de 19% do PIB, eles deveriam subir para 25%; e, de 2% na infraestrutura, deveriam chegar a 5% – se quisermos crescer à taxa sempre anunciada de 5% ao ano. Aumentar investimentos, porém, requer, de um lado, aumento da poupança interna, a ser buscado, preferencialmente, e de forma mais saudável, pela redução do consumo público nos mesmos 5% a 6% pretendidos para o reforço dos investimentos. De outro lado, a redução da carga tributária, quesito em que o Brasil é campeão entre os países emergentes, estimularia novas inversões do setor privado.

Estudo da Fiesp mostrou que produtos fabricados no Brasil estão 34,2% mais caros que os importados dos nossos 15 principais parceiros comerciais. Outra pesquisa, da Price Waterhouse Coopers, registrou que os custos de produção no Brasil são em média 60% mais altos que os de Índia, México e China. Sempre o Custo Brasil, que afasta o investidor privado, seja o nacional ou o estrangeiro.

O MBE tem a convicção de que mais investimentos e melhores serviços públicos não dependem de mais impostos, e sim de mais gestão. O economista Paulo Rabello de Castro, coordenador do movimento, concluiu que, se quisermos crescer a uma taxa constante de 5% a 6% ao ano, os gastos públicos correntes não podem crescer mais do que um terço disso. Assim, conseguiríamos aumentar a poupança e o investimento em 5% ou 6% do PIB, e, gradativamente, reduzir a nossa carga tributária para 30% em um prazo de oito a dez anos.

Carlos Rodolfo Schneider, empresário, é coordenador do Movimento Brasil Eficiente (MBE).

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