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Era uma vez uma garotinha de cabelos castanhos cacheados e olhar brilhante. Dentro dela existiam muitos sonhos, muitas cores e muitas sementes de uma vida que, embora tão pequena, parecia ter muito a despontar. Essa garotinha cresceu, se tornou a melhor executiva de uma multinacional de destaque, recebeu muitos títulos, foi a melhor da turma quando se formou, hoje consegue equilibrar muito bem a rotina de academia, salão de beleza, trabalho, happy hour com os amigos e alguns amores passageiros que surgem pelo caminho.

Esse microconto de fadas moderno foi o que a nossa geração de mulheres, hoje na casa dos 20 aos 35 anos, escutou, mesmo que subliminarmente, dos nossos pais. Nada de príncipes ou de casamentos, muito menos de filhos: alguém aí já ouviu os pais incentivando a filha, ainda em idade escolar, a escolher um bom marido? Ou desde pequenas fomos direcionadas a deixar nossos sentimentos de lado e focar em nossa carreira?

É bem verdade que amor não alimenta estômago vazio. Mas a conversa não é essa. A conversa é que mesmo nas melhores famílias, e mesmo com a boa intenção dos pais, crescemos em uma geração que colocou como primordial o externo e o material, e esqueceu-se de plantar e cultivar os valores e as virtudes. Esquecemos, especialmente, de que somos mulheres, e mulheres femininas, para então nos igualarmos aos homens em tudo, inclusive no que nos diferenciava deles.

Crescemos em uma geração que colocou como primordial o externo e o material, e esqueceu-se de plantar e cultivar os valores e as virtudes

Fomos impelidas a achar o máximo a igualdade de gênero – esquecendo-nos de que “diferença” significa “complementariedade”, e não “inferioridade” – e assim sufocamos a carência de cavalheirismo e necessidade de segurança que há em nossa essência.

Fomos impelidas a ser sempre jovens, magras e bonitas, nem que para isso fosse necessário domar o fluxo natural do envelhecimento humano e entrar num longo e interminável caminho de dietas, academia, cremes, roupas, cirurgias e produtos que nos deixassem ao menos minimamente parecidas com a modelo da revista ou a atriz da novela.

Fomos impelidas a acreditar que em uma gravidez nós somos donas não só do nosso corpo, mas também do corpo do ser humano dentro de nós, mergulhando no ato egoísta do aborto e tendo-o como direito.

Abandonamos nossa dignidade para aceitar ser ou ver mulheres nuas em revistas masculinas; mulheres bêbadas caídas ao chão após uma festa; mulheres que mendigam amor usando roupas provocantes cujo único desejo, por mais implícito que esteja, é o de suprir suas carências afetivas pelo menos com um elogio; mulheres que se rendem à promiscuidade com vários homens, como nos tempos pagãos de poligamia; mulheres que perderam sua feminilidade usando gestos e palavras do mais baixo calão.

Está hoje a mulher moderna feliz?

Era uma vez uma garotinha de cabelos castanhos cacheados e olhar brilhante. Dentro dela existiam muitos sonhos, muitas cores e muitas sementes de uma vida que, embora tão pequena, parecia ter muito a despontar. Essa garotinha foi educada em valores e virtudes, soube honrar sua dignidade, estudar com esmero, mas também escolher um verdadeiro cavalheiro para casar-se. Hoje ela é casada, tem muitos filhos, trabalha dentro do possível para ajudar no orçamento e é muito, mas muito feliz.

Leticia Maria Barbano é escritora do blog Modéstia e Pudor e coordenadora do IFE São Carlos (SP).
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