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Jair Bolsonaro (PL) e Lula (PT)
Jair Bolsonaro (PL) e Lula (PT)| Foto: Clauber Cleber Caetano/PR e Ricardo Stuckert

Há um debate estéril, trazido por alguns setores da sociedade brasileira, dando conta de que existe uma polarização perigosa que pode trazer consigo muita violência política. A quem interessa esse debate? É fácil afirmar que ao Brasil é que não interessa!

Em qualquer parte do mundo a política é polarizada. Isso faz parte do ambiente democrático. É sempre assim. De um lado, defensores do livre mercado; de outro, defensores do intervencionismo estatal. De um lado, defensores dos valores tradicionais da sociedade; de outro, defensores de alterações do que chamam “status quo” e assim por diante.

Até o momento, o que temos é uma nitidez sem igual em relação aos diferentes pontos de vista apresentados pelos dois principais candidatos.

Assim, se a polarização faz parte do ambiente democrático, por qual motivo temos que nos deparar, diariamente, com análises e diagnósticos que prenunciam o momento mais funesto da democracia brasileira, talvez, sem ponto de inflexão?

Penso que faz parte de uma estratégia presente no debate político, que busca desqualificar o opositor por conta de sua pretensa não aceitação das regras do jogo. Significa que, para alguns, as regras só valem se os jogadores se comportarem conforme a expectativa do mainstream. Se alguém agir de forma mais incisiva e falar de forma mais direta, se dirigirá à extremidade, aguçando a polarização.

Se, portanto, a democracia traz um contendor que desafia a estrutura do establishment, acusam-no de “antidemocrático”. Fica, então, autorizado a passar por cima da democracia em nome da democracia.

Estratégia definida, agora fica fácil afirmar que a polarização política leva à violência e ao ódio. Basta admitir que as ações incisivas e as falas contundentes inflamam os apoiadores e funcionam como instrumento para dinamitar o Estado Democrático de Direito. Pronto, a solução é publicar uma carta em apoio à democracia – o ambiente, afinal, está polarizado.

Pudera uma eleição sem polarização, em que os contendores falam a mesma língua, divergindo apenas quanto à ênfase e à forma, mas sem atacar a tal da democracia... O Brasil sempre conviveu com isso nas disputas de antanho.

Até o momento, o que temos é uma nitidez sem igual em relação aos diferentes pontos de vista apresentados pelos dois principais candidatos. A tal polarização permite que se vislumbre com clareza as diferenças entre eles, nada mais do que isso.

Mário Sérgio Lepre é advogado, mestre em Ciência Política e professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) – Campus Londrina.

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