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No sábado (7), terroristas armados invadiram casas e um festival de música em Israel, levando dezenas de reféns para o outro lado da Faixa de Gaza
No sábado (7), terroristas armados invadiram casas e um festival de música em Israel, levando dezenas de reféns para o outro lado da Faixa de Gaza| Foto: Reprodução/EFE

Os ataques do grupo extremista Hamas, que se utilizaram do terror para atingir o território de Israel, com reflexo inclusive nos territórios e populações palestinos, iniciados no último fim de semana, trouxeram à tona novamente a importância do conhecimento da Geografia Política para explicar conflitos internacionais e entender a dinâmica de uma guerra que se desenha no horizonte.

A Palestina, dividida basicamente, nos dias de hoje, em três territórios, Cisjordânia, Faixa de Gaza e Jerusalém Oriental, não pode ser analisada, em suas múltiplas dimensões, sem considerar a ótica geográfica. Afinal, além das motivações políticas, ideológicas e religiosas por trás dos conflitos históricos e recentes, também se encontram as questões territoriais, mal resolvidas ou negligenciadas ao longo dos últimos dois séculos.

A Palestina, dividida basicamente em três territórios, não pode ser analisada, em suas múltiplas dimensões, sem considerar a ótica geográfica.

Para a Geopolítica, um ramo da Geografia que emprega conceitos, autores e temas da Ciência Política e das Relações Internacionais, as implicações do conflito em curso na região vão muito além de reinvindicações territoriais históricas, sobremaneira de caráter religioso, e ingressam na seara da própria dinâmica do Sistema Internacional em conflito. Entretanto, o território também ocupa um lugar especial para as análises geopolíticas.

Quais os interesses em uma região um pouco maior que o Rio Grande do Sul? Petróleo, acesso privilegiado ao Mar Mediterrâneo, espaços sagrados, fonte de riquezas energéticas, são estas algumas explicações para a relevância geopolítica do território hoje em disputa. Mas elas todas se encontram sob o mesmo prisma: a quem compete definir as suas fronteiras entre Estados nacionais, sobretudo um Palestino e outro Israelense, cujas existências seriam a solução – algo quase consensual entre internacionalistas, geográficos e analistas internacionais – para um dos conflitos mais longos e sangrentos da história moderna?

Fronteiras, limites, territórios, conceitos tão caros à Ciência Geográfica hoje estão no centro de disputas que lançam mão do terror, pelo lado do Hamas, e da repressão militar, pelo lado das forças comandas por Netanyahu, após a declaração do Estado de Guerra, onde deveria existir o Estado de Paz. Aliás, qualquer agenda que busque a convivência harmoniosa, tolerante e pacífica entre os diferentes povos, etnias, religiões e nações que vivem nos territórios israelenses e palestinos deve ter como eixo central a coexistência e reconhecimento pleno dos dois Estados, intermediada única e exclusivamente pela Organização das Nações Unidas.

Resta saber se a ONU, e seu Conselho de Segurança, presidido temporariamente pelo Brasil, estão preparados para ingressar neste território, após tantos conflitos, violações de soberania territorial e direitos humanos, terrorismo e agendas que mais afastam a paz do que a conduzem. Enquanto isso, testemunharemos novas crises humanitárias na região, que não enxergam fronteiras, limites ou territórios, sejam eles históricos ou criados por interesses alheios à autodeterminação dos povos.

Roberto Rodolfo Georg Uebel é professor de Relações Internacionais da ESPM.

Conteúdo editado por:Jocelaine Santos
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