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A guerra invisível travada pelos policiais militares

Violência no Brasil
Imagem ilustrativa. (Foto: Albari Rosa/ Arquivo/ Gazeta do Povo)

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Nas ruas brasileiras, o policial militar enfrenta uma rotina marcada por riscos, carência de recursos e cobrança constante. Considerado a linha de frente da segurança pública, o PM vive um paradoxo: é exigido como solução para os problemas da criminalidade, mas pouco amparado pelo Estado que o designa para esta missão.

O policial militar hoje não conta com uma segurança jurídica adequada para sua “guerra invisível”, pois todos veem o que lhes é mostrado. Por onde? Pela televisão, pelo jornal, pela internet... Mas nem sempre é culpa da mídia, que expõe a realidade que ela também não conhece. É também responsabilidade da sociedade, afinal o policial é um cidadão oriundo da nossa sociedade. Então como poderia ele ser um “alienígena”, ou uma espécie de super-humano, com superpoderes do Batman ou do Homem-Aranha?

Considerado a linha de frente da segurança pública, o PM vive um paradoxo: é exigido como solução para os problemas da criminalidade, mas pouco amparado pelo Estado que o designa para esta missão

Mas devemos prestar atenção em um ponto crucial: os super-heróis citados anteriormente se escondem atrás de uma máscara, que de certa forma os protegem da violência e das represálias quando estão fora de ação. Infelizmente, nossos policiais militares, e eu me incluo nesse montante, não contam com este artifício. No máximo, irão tirar o colete balístico e sua boina da cabeça, porém, por dentro, é apenas um ser humano igual a você.

E este ser humano respira, sente fome, sente frio e saudade da família. Mas acima de tudo: ele também sente medo. E o que ele faz com o medo? Ele ignora e corre para o perigo, mesmo vendo todas as outras pessoas esbarrando nele por estarem correndo para o sentido contrário, ou seja, para longe do mal e longe do que lhes dá medo.

Qual a sua recompensa? Bem, vejamos: quando o policial militar acerta, ele só fez o que é pago para fazer e nada mais. Quando um deles erra, ele serve de rótulo para que a sociedade, juntamente com os veículos midiáticos, o use de parâmetro para tentar nivelar uma tropa inteira de ótimos profissionais.

Por isso digo que estamos em uma guerra constante, onde a gente mata e morre, mas a guerra invisível que enfrentamos é a mais desleal e difícil de vencer.

Gerson Junior é cabo da Polícia Militar e autor do livro “Rádio Patrulha Auto II”.

Conteúdo editado por: Jocelaine Santos

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