Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Artigo

Justiça não se aprende só: MEC acerta ao proibir Direito EAD

Diante da enorme responsabilidade que recai sobre o julgador, impõe-se sempre o exame cauteloso, rigoroso e técnico das provas, de modo a preservar a confiança social na justiça criminal (Foto: Tingey Injury Law Firm/Unsplash)

Ouça este conteúdo

A recente decisão do Ministério da Educação (MEC) de proibir a criação de novos cursos de Direito na modalidade a distância (EAD) é uma medida acertada, que reafirma o compromisso com a qualidade do ensino jurídico no Brasil. Direito, portanto, Justiça, não se aprende só, a distância. Alinhada ao posicionamento histórico da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a iniciativa põe freios à mercantilização do ensino e resgata a seriedade da formação jurídica.

O Direito é, antes de tudo, prática, diálogo, ética e responsabilidade. Nenhuma dessas dimensões se desenvolve plenamente em ambientes despersonalizados e digitais, nos quais a ausência de contato direto com docentes, colegas e situações reais empobrece a experiência formativa. O exercício da advocacia exige vivência, debate presencial e constante amadurecimento prático, algo que a modalidade de Direito EAD, tal como vem sendo aplicada, simplesmente não proporciona.

VEJA TAMBÉM:

A OAB tem sido firme ao afirmar que a graduação em Direito deve preservar padrões mínimos de excelência, sob risco de comprometer toda a estrutura do sistema de justiça. A entidade já se posicionou de forma contrária à abertura de novos cursos de Direito na modalidade EAD, bem como defendeu a revogação das autorizações já concedidas, reafirmando sua legitimidade técnica e seu compromisso social.

Ao proibir novos cursos EAD de Direito, o MEC acerta ao colocar a qualidade acima da conveniência. Trata-se de uma escolha responsável, que protege o estudante de ilusões pedagógicas e resguarda a sociedade de profissionais malformados. A justiça se aprende na convivência, na escuta e no enfrentamento direto das complexidades humanas — e isso não se ensina apenas com cliques. A decisão, portanto, é uma vitória da educação de verdade.

Rafael Lara Martins é mestre em Direito do Trabalho e doutor em Direitos Humanos pela UFG. Presidente da OAB de Goiás e sócio do Lara Martins Advogados.

Conteúdo editado por: Jocelaine Santos

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.