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Cem mil motoristas. Este é o número de profissionais de que o Brasil precisa para suprir a demanda. Sim, o setor de transportes está carente de cerca de 100 mil profissionais, sendo que este déficit já atinge 13% da frota das transportadoras. Os dados nacionais são da Associação Nacional do Transporte de Carga e Logística (NTC&Logística). Aqui no Paraná, nós, do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas do Paraná (Setcepar), estimamos que faltem 5 mil funcionários nas empresas do ramo.

Para tentar solucionar o problema da falta de mão de obra, fomos buscar motoristas na Colômbia. A ideia surgiu quando nós, do Setcepar, conhecemos um instrutor de motoristas da Colômbia e o convidamos para realizar um curso no Instituto Setcepar de Educação no Transporte (Iset). Tivemos a ideia de iniciar uma parceria; ele comentou com os amigos sobre as oportunidades no Brasil, o que gerou uma grande consulta sobre vagas. A partir disso, fomos verificar a possibilidade da vinda destes motoristas e iniciamos o processo da legalização da mudança e do visto de trabalho, dentro da nossa Consolidação das Leis do Trabalho.

A iniciativa está dando certo, já temos mais de 200 currículos de motoristas colombianos em nosso banco de dados e a expectativa é de que a cada dia este número aumente. São profissionais competentes, assim como os brasileiros, que passam por um treinamento de aperfeiçoamento das nossas normas e regras, além de demonstrar um interesse e comprometimento com o trabalho. Hoje temos 14 motoristas trabalhando em empresas associadas, outros estão fazendo treinamento para logo serem inseridos nas transportadoras e o número estimado, em três meses, é de no mínimo 50 profissionais colombianos contratados.

Mas muitas pessoas devem estar se perguntando sobre a razão da falta de profissionais, pois o salário de um caminhoneiro pode chegar a R$ 4 mil por mês. Fatores como a distância da família, as más condições de segurança das estradas, os roubos e outros riscos da profissão têm afastado novos profissionais. Além disso, a nova lei que obriga os motoristas a trabalhar somente por oito horas diárias, com intervalo intrajornada de 11 horas, ajudou a aumentar a defasagem no setor, obrigando as empresas a importar caminhoneiros.

Não é só no setor de transportes que a escassez de profissionais é visível e preocupante. Um estudo divulgado pela Fundação Dom Cabral apontou que a falta de mão de obra especializada atinge 91% das empresas de todos os setores, fazendo com que as companhias reduzissem o nível de exigência para contratação e importassem profissionais. Esse problema não tem previsão de solução no curto e médio prazos, ainda mais com a demanda crescente de oportunidades neste ano no Brasil, em virtude de toda a estrutura necessária para a realização da Copa do Mundo. Uma das saídas é a importação de profissionais e as empresas não estão buscando só os colombianos, mas também os cubanos, os haitianos, venezuelanos e, enfim, gente de outros países. Bem, parece que a situação se inverteu e o Brasil está começando a virar fonte de empregos.

Gilberto Antonio Cantú é presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas do Paraná (Setcepar).

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