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| Foto: Mladen Antonov/AFP

O vazamento de dados de usuários do Facebook volta ao noticiário. Desta vez, um site chamado Nametests.com, deixou expostas informações de 120 milhões de usuários da mídia social. Casos assim tornam-se comuns e não podemos nos tornar insensíveis a este tipo de notícia.

É importante entender que nem todo vazamento é igual. Temos casos de informações vazadas por funcionários ou ex-funcionários, como no caso da Tesla, Coca-Cola e o mais famoso, o caso Snowden. São pessoas que têm acesso à informação e decidem, por motivos diversos, realizar o vazamento. Isso também acontece com parceiros de negócios. Existem também situações de mídias roubadas com informações confidenciais. Alguns casos famosos são da AT&T, Starbucks e Heathrow Airport. Há ainda casos de invasão simples e pura, em que a segurança da empresa não foi capaz de impedir que um atacante externo tivesse acesso às informações. Os casos mais notórios são da Equifax, da Sony e agora o da Nametest.com.

O Nametest.com oferece uma série de joguinhos de pergunta e resposta de forma “gratuita”, ou seja, troca as suas informações pelo direito de jogar. Assim como o Facebook, Google, LinkedIn, Instagram etc.

O problema reside no fato de as pessoas, de forma voluntária, fornecerem suas informações pessoais em troca de serviços

A meu ver, o fato de as informações dos usuários terem sido vazadas não é o maior problema; o problema reside no fato de as pessoas, de forma voluntária, fornecerem suas informações pessoais em troca de serviços e não se atentarem a este detalhe.

Eu uso redes sociais e sei que parte da minha informação é capturada e utilizada, mas o simples fato de ter essa noção faz com que eu pense duas vezes antes de publicar e divulgar qualquer tipo de conteúdo. Costumo dizer que antes de publicar algo em redes sociais, a pessoa deve pensar se ficaria confortável de divulgar a mesma informação no meio da Praça da Sé ou de uma praça de alimentação de algum shopping bem lotado.

O vazamento de informações passa a ter um impacto ainda maior com as novas legislações de proteção de dados e privacidade que vêm se espalhando pelo mundo. O GDPR na Europa é o caso mais expressivo dessa tendência. Nos EUA ainda existe certa resistência à implantação de legislação tão severa, pois existe discordância sobre o ponto em que a proteção de dados passa a ser negativa para a segurança nacional e ao mercado e, por conta disso, não se espera que algo tão agressivo como o GDPR seja aprovado por lá no curto prazo.

Leia também: A tecnologia, a Internet e a perda de privacidade (artigo de Fernando Matesco, publicado em 30 de maio de 2018)

Leia também: A regulamentação europeia de proteção a dados e seus impactos no país (artigo de Eduardo Sanches, publicado em 24 de maio de 2018)

No Brasil a situação é diferente. A lei de privacidade está tomando forma, com uma composição semelhante à da GDPR, e deve entrar em vigor em breve. Em paralelo, estamos em processo de implantação do Cadastro Positivo, que vai gerar mais um ponto de concentração de informações pessoais e com isso mais preocupações.

Com a internet, o mundo passou por um movimento de abertura, de exposição. No passado, alguém ler o seu diário era um dos crimes mais graves que poderiam ser cometidos. Hoje, as pessoas ficam chateadas se o seu comentário não tem muitos likes nas redes sociais. Aparentemente esse momento de abertura está perdendo força e as pessoas estão voltando a se preocupar com sua privacidade. As empresas terão de se adaptar a esses novos tempos.

Eduardo Sanches, graduado em Ciência da Computação com MBA pela FGV, é sócio-diretor da Ventiv Solutions International (VSI).
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