• Carregando...
 | /Pixabay
| Foto: /Pixabay

E Pôncio Pilatos perguntou à multidão: “Qual desses dois quereis vós? E o povo respondeu: Barrabás, o ladrão”. (Mateus 27,21). Dois mil anos se passaram e o povo continua escolhendo os ladrões, os aventureiros, os corruptos, os falsos líderes.

Recebi de um amigo uma reflexão sobre a diferença entre as nações ricas e pobres, na qual argumenta que o que diferencia umas das outras não é a sua idade. Índia e Egito, lembra, têm mais de 2 mil anos e ainda são países pobres. Já Canadá, Austrália e a Nova Zelândia, que há 150 anos eram insignificantes do ponto de vista econômico, hoje são países desenvolvidos e ricos.

Frisa também que essa diferença não depende dos recursos naturais disponíveis, visto que o Japão, com um território limitado, com 80% de montanhas, é a segunda economia mundial. A Suíça, com um pequeno território e sem plantar cacau, é o melhor produtor de chocolates do mundo, além de fabricar os melhores produtos leiteiros. Fatores raciais ou de cor, segundo ele, também não têm importância.

Qual é a diferença?, pergunta. A diferença é a atitude das pessoas, moldadas pela educação e cultura. Quando se analisa o comportamento das pessoas dos países ricos, se observa o respeito aos seguintes princípios de vida: ética, integridade, responsabilidade, respeito pelas leis e aos direitos dos outros, amor ao trabalho, esforço para poupar e investir, produtividade, pontualidade e orgulho de cumprir com o seu dever. Uma pequena minoria segue esses princípios básicos em sua vida em países pobres.

Estamos neste estado socioeconômico precário porque queremos levar vantagem sobre tudo e todos e também porque sempre raciocinamos: ‘não é problema meu’

Somos pobres porque nos falta atitude. Falta vontade de seguir e ensinar esses princípios. Estamos neste estado socioeconômico precário porque queremos levar vantagem sobre tudo e todos e também porque sempre raciocinamos: “não é problema meu”.

Ele encerra a reflexão dizendo que deveríamos ler mais e agir mais; só então seremos capazes de mudar nosso estado precário.

Há 2 mil anos, Públio Marco Cévola, eleito cônsul na República Romana em 175 a.C., disse: “Assisto, com isenção de ânimo, à decadência constante da minha pátria. Quando uma nação se torna corrupta e cínica, preferindo o governo dos homens e não o governo da lei, é que começa a sua destruição. O homem nunca aprende com a história de nações que pereceram no passado. Segue o mesmo caminho para a morte. É de sua natureza, que é inerentemente má. Vamos pensar nos representantes do povo. Quem recebe os votos do povo: o homem virtuoso ou o homem mau, que é extravagante em suas promessas? O homem mau, invariavelmente. Nem importa que o mau não cumpra as promessas! O povo não liga, nem o faz lembrar-se delas. Basta saber que ele é mau e que os reflete. As multidões estão mais à vontade num clima maligno do que num clima de bondade, que os constrange e descompõe, pois é contra sua natureza”.

Você percebe que uma nação é pobre e está em decadência quando a maioria de sua população prefere ser governada por um ladrão convicto, o maior corrupto da história, com patrimônio incompatível com o cargo que exerceu, um homem mau, um Barrabás.

Leia também: Por que detestamos candidatos ricos? (artigo de Leonardo de Siqueira Lima, publicado em 30 de agosto de 2018)

Leia tambémA gangorra da inflação (editorial de 27 de agosto de 2018)

Você percebe que uma nação é medíocre quando sua população, que se diz contra toda forma de corrupção, votará em candidatos já denunciados e que se perpetuam no poder.

Você percebe que uma nação é corrupta quando membros da mais alta corte de Justiça preferem o governo dos homens e não o governo das leis; quando, sob seu ponto de vista, os corruptos legalmente condenados merecem perdão. 

Você percebe que uma nação é pobre, medíocre, decadente e corrupta quando seus cidadãos não se fazem respeitar, não respeitam o próximo, não têm mínima educação, querem levar vantagem em cima dos outros, não têm ética, integridade e responsabilidade, muito menos respeito às leis. São esses cidadãos ignorantes e medíocres que fazem a diferença entre uma nação pobre ou rica.

O futuro jamais chegará a essa nação. Seus habitantes não deixam e não agem: “Não é problema meu”.

Cláudio Slaviero é empresário, ex-presidente da Associação Comercial do Paraná e autor de “A vergonha nossa de cada dia”.
0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]