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“No UM somos um!”. Este é o lema do papa Leão XIV. Em Cristo, somos um! Por Ele, com Ele e Nele somos Peregrinos de Esperança. A Esperança não vira as costas para as contradições, negatividade, ambiguidades, polarizações internas e externas, pessoais e institucionais. A Esperança, sem esquecer a história pregressa, implica um inclinar-se para frente, um procurar ver mais longe e com mais precisão. A esperança é abertura à Graça – e por isso, talvez, angustia, causando certo desconforto. O sujeito da esperança é UM NÓS.
Os sapatos gastos que papa Francisco levou para o túmulo, expressam sinais de esperança. Esperança de uma Igreja ainda mais determinada a evangelizar; de uma Igreja ainda mais próxima dos tantos rostos marcados pela miséria e pobreza; de uma Igreja ainda mais determinada a trabalhar em prol da vida e do planeta; de uma Igreja atenta às necessidades de seus filhos e filhas. Papa Leão XIV, eleito no último dia 8 de maio, expressa acolhida do caminho realizado, ressaltando em tudo centralidade de Cristo.
Possa o magistério do papa Leão XIV trazer as marcas da coragem do São Paulo e a sensibilidade de Pedro para confirmar na fé os irmãos e irmãs, tendo presente que o Evangelho é sempre o mesmo, os tempos, porém, mudam
O último Sínodo apontou um caminho para promover esperança num mundo marcado por complexidades. Trata-se de um caminho que envolve toda a comunidade eclesial, com repercussão em amplos setores da sociedade. O grande chamado à conversão proposto pelo Sínodo causa desconforto e apreensões; encontra ressonância nas comunidades engajadas na vida de fé; suscita esperança, abertura de coração e mentes de quem crê ser possível ser Igreja samaritana e em saída numa sociedade marcada pelo secularismo e ambiguidades diversas.
De fato, para corresponder às exigências do tempo presente, se faz necessário generosidade, humor, abertura de mentes e corações, atenção ao Evangelho e à bela e rica tradição da Igreja, sem esquecer a sempre urgente atenção e perspicácia para colher os sinais dos tempos. Quaisquer formas de fundamentalismos e/ou radicalismos são perigosas, pois trazem marcas de ideologias que contradizem o Evangelho. Desafios não faltam. Como transmitir a fé às novas gerações, as quais possuem um a estrutura lógica-mental que não é mais a nossa? Que linguagem, pedagogia, metodologia usar? Como responder às diversidades culturais e sociais?
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Numa sociedade fragmentada, doente e marcada pelo medo se faz necessário alimentar a esperança. A Igreja tem algo, tem Alguém para apresentar, para tornar conhecido e propor… E isto com simplicidade, empatia, proximidade, agilidade, transparência, autenticidade.
Papa Leão XIV solicita colaboração e sintonia. E para promover sintonia no seio da comunidade eclesial urge avançar no caminho indicado pelo último Sínodo. Provavelmente se fazem necessários ajustes e correções. Promover transparência e eficiência no desenvolvimento de processos, além da construção de pontes, sem esquecer a necessidade da Graça, é um caminho viável e necessário para uma Igreja onde comunhão, participação e missão sejam imperativos.
Amparado pela comunidade eclesial que busca viver no cotidiano a fé batismal e auxiliado pela graça possa o magistério do papa Leão XIV trazer as marcas da coragem do São Paulo e a sensibilidade de Pedro para confirmar na fé os irmãos e irmãs, tendo presente que o Evangelho é sempre o mesmo, os tempos, porém, mudam.
Jaime Spengler é arcebispo de Porto Alegre e presidente da CNBB.



