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O assassinato de Charlie Kirk marca nova era da violência política

Charlie Kirk, jovem e destemido, inspirou uma geração. Seu assassinato é tragédia para a América e alerta sobre a onda de violência política. (Foto: Gage Skidmore/Wikimedia Commons)

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A primeira vez que ouvi Charlie Kirk falar foi numa noite gelada de fevereiro de 2018, na Universidade de Michigan. Fui ao evento por curiosidade, incentivado por amigos ativos na vida conservadora do campus.

Na época, eu me via como um tipo diferente de conservador — concluindo a graduação mais cedo e atuando como embaixador estudantil de um respeitado think tank de centro-direita em Washington, que prezava pela respeitabilidade bipartidária.

Kirk, apenas alguns anos mais velho do que eu, era o “lançador de bombas” que nunca tinha ido à faculdade. Eu era cético quanto ao rumo que a direita poderia tomar; Charlie estava no comando do navio.

Naquela noite, Charlie mudou minha visão — assim como fez com milhares de outros estudantes ao longo dos anos, cujas ideias políticas eram muito mais distantes das dele do que as minhas. Ele não era a caricatura que eu esperava. Era destemido, perspicaz e magnético, desmontando adversários com humor, serenidade e um domínio enciclopédico dos fatos.

Entrei achando que estava ali apenas para observar uma vertente “menos evoluída” do movimento conservador. Saí acreditando no oposto: Kirk estava na vanguarda da evolução conservadora, plenamente preparado para conquistar corações e mentes numa nova era política — e eu, como tantos outros da minha geração, estava ansioso para me juntar ao movimento que ele estava construindo.

Kirk foi assassinado na quarta-feira, 10, na Utah Valley University, com um tiro no pescoço diante de uma enorme multidão durante um debate ao ar livre “Prove Me Wrong”. Foi apenas mais um dos inúmeros eventos em que ele convidava estudantes de todas as ideologias a desafiá-lo — e os enfrentava a todos com boa-fé.

As circunstâncias doem. Mesmo após a tentativa de assassinato contra Donald Trump em Butler, na Pensilvânia, no verão passado, não estávamos em território tão desconhecido. Presidentes já foram alvos de tiros antes. Mas assassinar um jovem pai por debater com estudantes universitários, por organizar jovens americanos a votar em um partido que representa metade do país — isso é novo para os Estados Unidos.

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Charlie Kirk não era apenas mais um provocador qualquer. Era um pensador sério, um construtor empreendedor e um vencedor político. Aos 31 anos, havia feito o que os conservadores do movimento não conseguiam desde William F. Buckley: fazer o conservadorismo parecer jovem.

Kirk construiu a Turning Point USA como uma vasta rede de capítulos, conferências, programas de treinamento e plataformas de mídia. Em 2018, Donald Trump Jr. disse: “Se não fosse por Charlie Kirk, meu pai não seria presidente dos Estados Unidos hoje.”

Em 2024, a campanha de Trump e o Partido Republicano praticamente terceirizaram sua mobilização de base para a operação de Kirk, que investiu dezenas de milhões em engajamento e ajudou os republicanos a quase empatarem entre os jovens eleitores nos estados decisivos.

Ele também era um talento geracional, sem aparente limite. Doadores proeminentes e políticos influentes sussurravam que ele poderia ser presidente um dia. Não era exagero. Kirk combinava carisma, fluência midiática, conhecimento de políticas públicas e habilidade organizacional como poucos ativistas já fizeram.

Em termos explícitos, Kirk havia alertado que isso estava por vir. Em abril, escreveu sobre a “cultura do assassinato”, prevendo que uma classe política viciada em ódio e espetáculo acabaria escalando para a violência.

Semanas atrás, na CNBC, argumentou que empoderar radicais como Zohran Mamdani estava alimentando o “Luiguismo”, uma ideologia digital movida pela inveja e pelo ódio de classe que poderia levar mais niilistas de esquerda a praticar — e celebrar — violência política. Infelizmente, inúmeros desses abutres agora o provam certo, comemorando sua morte nos cantos mais sombrios das redes sociais com sarcasmo e deboche.

Kirk também entendia os dilemas internos da batalha ideológica da direita: escolher entre uma política de responsabilidade e aspiração, de um lado, ou uma política de queixa e ressentimento, do outro. Ele travou essa luta — alertando sobre o antissemitismo conspiratório que arrastava jovens para buracos digitais e incentivando-os ao autodesenvolvimento em vez de buscar bodes expiatórios. Queria construir um movimento enraizado no propósito, não na amargura.

Sua morte é uma tragédia imensurável para sua esposa, Erika, seus dois filhos pequenos e seus pais. Estou rezando por eles.

É também uma tragédia para o país. Ele construiu uma política que não era apenas sobre “humilhar os progressistas” online — embora também tenha feito isso muitas vezes —, mas sobre estar presente: nos campi, nos estados decisivos, em lugares onde sua mensagem era recebida com hostilidade.

Sua morte é devastadora não apenas porque era tão jovem e tinha tanto pela frente, mas porque provou que nenhum público é inalcançável quando abordado com coragem e uma mensagem convincente.

Kirk representava um movimento conservador capaz de inspirar os jovens. Durante anos, conservadores falharam em capturar a energia cultural. Kirk o fez quase sem esforço. Deu à direita um senso de ousadia — sua organização parecia mais uma contracultura do que um think tank ou clube cívico.

Ele não era o típico ideólogo de campus, de gravata borboleta, mas alguém que parecia se encaixar numa festa de fraternidade, um par, não um moralista. Isso tornava sua presença e intelecto desarmantes. E também fazia sua mensagem ir mais longe. Ele era polarizador porque importava.

Hoje já é amplamente aceito que a Geração Z está longe de ser um bloco homogêneo de esquerda. Os dados mostram uma geração que rompe com essa imagem, inclinando-se mais ao conservadorismo do que as anteriores na mesma idade. Mas esse grupo está dividido entre os que querem construir e os que são atraídos pela destruição. Kirk passou sua carreira recrutando construtores e tentando resgatar o restante.

Com o assassinato de Kirk, não perdemos apenas um comentarista. Corremos o risco de perder a geração de conservadores que ele ajudou a formar. Imitadores existem aos montes, mas poucos correspondem à sua autenticidade e convicção.

Charlie Kirk morreu debatendo, dando aos oponentes uma plataforma para desafiá-lo. Ele representava o melhor da América. E a América é melhor por tê-lo tido.

Jesse Arm é vice-presidente de relações externas do Manhattan Institute.

©2025 City Journal. Publicado com permissão. Original em inglês: Charlie Kirk’s Assassination Marks a New Era

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