
Ouça este conteúdo
A Inteligência Artificial já chegou às salas de aula. A pesquisa “Inteligência Artificial na Educação Superior”, feita pela Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior (Abmes), revelou que, em 2024, 7 em cada 10 estudantes de graduação utilizaram a tecnologia. Outro estudo, conduzido pelo Google e Educa Insights, mostrou o panorama no ensino médio, em que 3 em cada 10 alunos usaram a ferramenta para realizar atividades em 2023.
As aplicações da Inteligência Artificial na educação são infinitas. A ferramenta pode, por exemplo, revolucionar a forma como os seres humanos têm acesso ao conhecimento, tornando a obtenção de informações mais fácil e democrática. Com mais rapidez no acesso à informação, o aluno pode ter mais liberdade para desenvolver seu senso crítico, pensar de forma autônoma e aprimorar habilidades complexas.
A Inteligência Artificial chegou para mudar paradigmas em diversas áreas e alterar a maneira como fazemos diferentes atividades, dentre elas, o estudo
No geral, os professores se mostram animados com a tecnologia. A pesquisa “Perfil e Desafios dos Professores da Educação Básica no Brasil”, realizada pelo Instituto Semesp, mostrou que, em março de 2024, 74,8% dos profissionais pensavam na Inteligência Artificial como uma aliada no ensino. As possibilidades são muitas, desde apoiar com atendimento de alunos, tutoria à banco de questões. A escolha da solução mais adequada exige uma análise de licenças e contratos com clausulados específicos para maior proteção da entidade de ensino.
Portanto, a jornada por uma adoção mais ampla nas escolas, já começou, o que demanda uma busca por atualização por parte dos gestores escolares. Em setembro de 2024, a Unesco reconheceu o Piauí como o primeiro território nas Américas a implementar o ensino de Inteligência Artificial na educação básica.
O estado oferece aulas obrigatórias sobre Inteligência Artificial para os alunos do 9º ano do ensino fundamental e do ensino médio desde o começo de 2024. Ao todo, mais de 120 mil estudantes da rede pública estadual cursam a disciplina. De acordo com os gestores do estado, o objetivo é preparar os estudantes para o presente e o futuro do mercado de trabalho.
A iniciativa coloca o Piauí na vanguarda do Brasil e de toda a América. A postura de acolher a IA e usá-la como uma ferramenta para a evolução educacional, em vez de travar uma guerra já perdida contra a tecnologia, é o primeiro passo para estimular o uso de forma responsável e consciente, ajudando os alunos a filtrarem as informações corretas e desenvolverem boas práticas em relação à ferramenta.
VEJA TAMBÉM:
E esses casos ainda ilustram apenas o começo da aplicação da inteligência artificial nas escolas. Engana-se quem pensa que o uso de Inteligência Artificial na educação resume-se a pesquisas no ChatGPT ou a outros chats bots. A tecnologia pode criar planos de estudo personalizados, auxiliar professores no preparo de atividades e agilizar a correção de tarefas e trabalhos, por exemplo. Porém, os benefícios só são possíveis com o cuidado necessário.
O uso da IA na educação deve vir acompanhado de um programa bem estruturado de conformidade ética, que atenda requisitos de transparência, privacidade e segurança de dados. Além disso, deve-se ter muito cuidado com riscos envolvendo alucinação algorítmica, ataques de envenenamento de dados e resultados com viés discriminatório.
Neste sentido, é importante adotar uma política com regras claras para o uso responsável da Inteligência Artificial , com recomendações de cuidados especialmente sobre direitos autorais e de imagem, bem como um comitê para acompanhar a evolução do tema e da legislação. Campanhas educativas para prevenir e combater a deep fake, demais usos indevidos e abusos também precisam fazer parte do projeto.
A verdade é que a Inteligência Artificial chegou para mudar paradigmas em diversas áreas e alterar a maneira como fazemos diferentes atividades, dentre elas, o estudo. O desafio reside no como agregar o uso da IA para melhoria do ensino-aprendizagem de forma saudável e sustentável.
Patricia Peck, PhD, advogada especialista em Direito Digital e Inteligência Artificial, membro titular do Conselho Nacional de Cibersegurança (CNCIber), professora, CEO do Peck Advogados.
Conteúdo editado por: Jocelaine Santos



